sexta-feira, outubro 14, 2005

Voto de Pesar pela morte
de Cecília Sacramento


O Executivo Municipal deliberou, por unanimidade, aprovar a manifestação de um voto de pesar pela morte de Cecília Sacramento, uma distinta vareira, cuja morte constitui uma perda para a Cultura Portuguesa.
Corria o ano de 1918 quando Cecília Marques Maia nasceu em Cabanões, concelho de Ovar.
No Liceu de Aveiro, de que hoje somos descendentes como escola, fez Cecília o Curso Secundário, tendo sido aluna de José Pereira Tavares, seu dilecto professor, e António Salgado Júnior. Andava no penúltimo ano quando foi eleita, em 1937, para integrar (no feminino, pela primeira vez !) a redacção do jornal dos estudantes, "A Voz Académica", que a censura viria a reprimir e de que Mário Sacramento foi director. O nome de Cecília consta do corpo redactorial do jornal do n.º 13 ao n.º 22.
Na Universidade Clássica de Lisboa concluiu Cecília a licenciatura em Filologia Românica com a tese "Uma Leitura da obra de Erico Veríssimo".
Data de 27 de Dezembro de 1944 o seu casamento com Mário Emílio de Morais Sacramento, do qual nasceram dois filhos, Clara e Rui.
Em 2001, a Editorial Notícias, na colecção "Excelsior", publica o romance "Por Terra Batida", que teve apresentação de Pedro Calheiros, em Ovar, terra natal, de Cecília, por iniciativa do pelouro da cultura da edilidade.
Em síntese, este "belo e subtil romance" encerra o trajecto de alguém que, "viajando no interior de si mesmo, (acha, ou tenta achar) um modo de encontrar os outros". Nas palavras da própria obra, constitui "uma operação de limpeza (à vida) para ficar só com o que é puro", sendo para isso necessário criar e deixar "arder" neologismos como “a nova palavra que a língua portuguesa vai ter: Re-esperança" (p. 158).
Cecília Sacramento faleceu no passado dia 24 de Setembro, aos 87 anos, vítima de doença prolongada.

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