quarta-feira, outubro 12, 2005

Funcionário da Câmara de Ovar
condenado a 22 anos de cadeia


"Vou pô-la a descansar". Foi com estas palavras, escritas num bilhete que deixou à mulher, que António Santos anunciou a intenção de matar a irmã.
O juiz António Coelho, do Tribunal de Santa Maria da Feira, deu grande relevo a esta confissão antecipada – e condenou-o a 22 anos de cadeia, não só pelo homicídio de Maria Clara Félix, mas também pela tentativa de assassínio do cunhado.
Na leitura da sentença, a actuação de António Santos, de 43 anos, foi descrita como "claramente fria e de grande brutalidade", demonstrando "desprezo e raiva" para com as vítimas.
O tribunal deu também como provada a premeditação do crime, não só pelo bilhete, mas também pelo compasso de espera entre a saída de casa, "com a caçadeira devidamente carregada", e os disparos à queima-roupa sobre Maria Clara, de 42 anos, que teve morte imediata, e o marido desta, que ficou ferido.
O crime foi praticado a 3 de Agosto do ano passado, numa rua de São Miguel de Souto, e tal como noticiado na altura, o homicida, conhecido pela sua personalidade conflituosa, há muito que manifestava o seu desagrado para com a irmã, que acusava de interferir no seu casamento e de estar a promover a sua separação.
O arguido, funcionário da Câmara de Ovar, tinha problemas psiquiátricos e estava medicado, mas abusava também da bebida. A sua defesa procurou dá-lo como inimputável, através de um relatório do Instituto de Medicina Legal, mas a decisão judicial acabou por não levar em conta esse argumento.
No final da leitura da sentença, o magistrado dirigiu-se ao arguido para o aconselhar a "usar os 22 anos a que foi condenado para pensar no que fez e arrepender-se".
A advogada de defesa de António Sousa adianta que ainda vai estudar a possibilidade de recorrer da sentença. («Correio da Manhã»)

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