segunda-feira, novembro 28, 2005

Veloso Gomes em palestra na Universidade de Aveiro:
«Intervenções nas praias
serão reduzidas ao mínimo»


«Não vamos continuar a colocar pedra nas praias», declarou Veloso Gomes, acrescentando que «tal só deverá suceder quando houver situações muito críticas». De resto, «não temos previstas nos POOC grandes intervenções com pedra, nem novas construções de esporões». Falando à margem de uma palestra sobre «O Litoral – A Estratégia de Gestão Integrada para a Zona Costeira Portuguesa» que decorreu na Universidade de Aveiro, Veloso Gomes ressalvou que se poderão abrir excepções no caso de ocorrer «um problema grave numa frente urbana consolidada. Aí terá que haver intervenção, disso não há dúvidas».
No que se refere especificamente à região costeira de Aveiro, uma das mais fustigadas do país, Veloso Gomes que lidera o Grupo de Trabalho para a Estratégia de Ordenamento, Planeamento e Gestão da Zona Costeira Portuguesa, apontou a «ocupação humana descontrolada em zonas dunares, que já ofereciam alguma instabilidade», como uma das causas do problema. Em Esmoriz, por exemplo, o especialista defendeu que o Bairro dos Pescadores, construído na areia da praia, «já devia ter sido retirado daquele local, mas não compete ao POOC fazê-lo». O que se passa é que «há falta de areia e uma ocupação que não deveria ali estar», observando que «muitas daquelas casas estão na mesma cota das águas vivas em preia-mar, o que é insustentável».
Os problemas começaram a surgir, nomeadamente no troço da orla costeira de Espinho e Ovar, em zonas de aglomerados que, ao logo do tempo, foram crescendo em regiões que já no passado eram dinâmicas. A pressão urbana nestas zonas costeiras dinâmicas, que já se moviam no passado, aliada a fenómenos naturais, de acordo com Veloso Gomes, «como a subida do nível médio das águas do mar, vão agravar a situação no futuro».
O que se passa é que «as pessoas acharam que era possível ocupar estas zonas muito dinâmicas e que depois alguém viria defender, daí que este seja um problema de ordenamento», apontando ainda que os POOC conseguiram, pelo menos em alguns locais, «travar a construção em zona costeira sensível».
Outros aspectos que merecem reflexão no seio do grupo de trabalho que lidera prendem-se com a compatibilização entre turismo e actividades de lazer nas zonas costeiras e com as actividades náuticas de recreio que poderão aproveitar, por exemplo, instalações portuárias desactivadas.
O grupo de trabalho deverá entregar até 31 de Dezembro um relatório definindo as linhas de orientação estratégica, os domínios de intervenção prioritários, as medidas de acção a médio prazo e a metodologia de monitorização e avaliação dos ecossistemas costeiros. Essas conclusões deverão depois ser debatidas com personalidades, instituições, ONG’s e população em geral.

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