terça-feira, novembro 15, 2005

São João de Ovar
Família destroçada

Manuel Ferreira, que trabalhava para a CT há 14 anos; Manuel Fagundes, imigrado em Espanha há 18 anos; e Manuel Araújo faziam parte de um vasto grupo de cerca de 100 trabalhadores que laboravam na mesma empreitada.
O primeiro deixa a esposa grávida de quatro meses; o segundo deixa a esposa e uma filha, e o terceiro deixa o pai com quem vivia antes de emigrar para o país vizinho, há 20 anos.
Embora fosse natural de S. João de Ovar, Manuel Campos Ferreira, de 39 anos, residia, há quase duas décadas em Ponte de Lima, onde casou. Deixa Lúcilia, grávida de quatro meses, com quem estava casado há 15 anos.
A notícia da morte apanhou a sua mãe, Olinda Campos, bastante debilitada, já que se encontra há algum tempo de baixa médica; e mal refeita da morte de um outro filho há 15 dias.
"Só sabemos que a culpa não terá sido deles, mas do outro", disse uma irmã, afirmando desconhecr os pormenores do acidente. À mãe pesa ainda o facto de não ter estado com Manuel, nas férias deste.
Recorde-se que em oito dias este é o segundo acidente envolvendo trabalhadores portugueses, em Espanha. No passado dia 7, cinco cidadãos portugueses morreram na sequência da queda de uma plataforma, de 80 metros de altura, numa empreitada em Almuñéres, em Granada, no sul de Espanha.

Crise obriga a sair do país

Destaque-se que a crise no sector da construção civil, entre outros, designadamente, do sector do mobiliário, atira milhares de portugueses, por ano, para o estrangeiro.
Espanha, França, Holanda e Inglaterra (ver edição do JN de anteontem) são os destinos de eleição para a mão-de-obra nacional, que parte com a expectativa de vir a ganhar o triplo do que ganha em Portugal, fazendo, na maior parte dos casos, aquilo que faziam por cá.
Só a título de exemplo, um marceneiro principiante recebe aqui uma média de 400 euros por mês (no máximo). No país vizinho, chega facilmente aos mil euros, podendo até auferir mais. Ganhará, no entanto, menos que os trabalhadores espanhóis a desempenharem exactamente as mesmas funções.(«JN»)

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