segunda-feira, agosto 01, 2005

Departamento de Ambiente e Ordenamento define estratégias
Prevenção das cheias em estudo na UA

Quase 20 anos de estudos e vários projectos de investigação que analisaram os efeitos da mudança do clima e do uso do solo sobre a disponibilidade da água, em várias áreas de Portugal, mais concretamente Mação e a Serra do Caramulo, da Espanha, de Marrocos e da Tunísia permitem já ao Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA apresentar um conjunto de medidas essenciais para a prevenção das cheias.
A frequência, a localização e a intensidade das cheias variam em função das diferenças sazonais e regionais da precipitação e de outras condições atmosféricas, bem como de alterações climáticas a longo prazo. No entanto, a acção humana também desempenha um papel importante. Os incêndios, a desflorestação das regiões serranas e as técnicas utilizadas na preparação dos terrenos para as novas plantações, fazem desaparecer a vegetação, tornam o solo árido, repelindo e evitando que a água se infiltre, acelerando assim o escorrimento superficial. O resultado é o aumento da probabilidade de ocorrência de uma cheia.
Segundo a Professora Celeste Coelho, investigadora e docente no Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA, esta situação só se resolve com uma gestão integrada dos recursos hídricos. «Em termos da gestão da água há duas coisas a ressalvar. Por um lado, as alterações climáticas, e por outro, as alterações no uso do solo. A gestão da água tem que ser uma gestão integrada. Deve integrar o ordenamento do território com a gestão dos recursos hídricos, envolvendo todas as entidades ligadas à Água e articulando os vários instrumentos e as várias medidas de política».
«Durante as nossas investigações, analisámos os instrumentos de gestão dos recursos hídricos, nomeadamente o plano nacional da água, os planos de bacia hidrográfica e os planos directores municipais, para avaliar se havia alguma articulação entre os planos da bacia hidrográfica e o ordenamento do território. A conclusão a que chegámos foi a de que, embora a legislação vigente já o recomende, na prática não há articulação de espécie nenhuma. Isso é grave. Qualquer medida que venha a ser tomada para a resolução do problema das cheias pressupõe obrigatoriamente uma articulação entre as entidades competentes», ressalvou a investigadora.(«UA»)

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