segunda-feira, agosto 15, 2005

U2 recebem Ordem da Liberdade
O Presidente da republica, Jorge Sampaio, condecorou ontem à tarde a banda rock irlandesa U2, com a Ordem da Liberdade. (foto: Tiago Petinga/Lusa)
Música: U2 quiseram ser portugueses no último concerto europeu da Vertigo Tour
Bono, vocalista dos U2, afirmou no concerto em Lisboa que a banda se tornou portuguesa e, como tal, exigiu que Portugal lidere, em vez se seguir os outros, a luta contra a pobreza em África.
A reivindicação, feita num concerto marcadamente político, surgiu a meio da actuação no estádio Alvalade XXI, onde a banda foi aplaudida e acompanhada por 52.000 pessoas, desde que pisou o palco às 22:00.
Este apelo foi um dos pontos altos do concerto e serviu de mote para a interpretação do tema "One", adoptado como um hino a uma só voz a favor de causas nobres.
O concerto em Lisboa fechou a etapa europeia da digressão "Vertigo" que os U2 iniciaram em Junho em Bruxelas e o alinhamento não se alterou muito em relação às actuações em outras cidades.
Tal como no resto da Europa, foi "Vertigo" o tema escolhido para abrir o concerto depois de Bono fazer a contagem inicial da canção, "Uno, dos, tres, catorze", em português.
As canções mais recentes, do álbum "How to dismantle an atomic bomb", foram intercaladas com as mais antigas, provando que o som dos U2 de há quase vinte anos parece fazer sentido ainda hoje.
Sendo este o último concerto na Europa, Bono disse ainda num português esforçado que a banda "já tem saudades de Lisboa", que se "sentiu em casa", agradecendo a todos os portugueses e ao presidente Jorge Sampaio, que assistiu ao concerto, pelo facto dos quatro músicos terem sido agraciados domingo com a Ordem da Liberdade. Na audiência viram-se bandeiras da Irlanda, Portugal, Espanha e Brasil e em alguns cartazes os admiradores mais fanáticos consideraram que "Bono é um deus" e que os U2 são a sua "religião".
Em resposta, Bono falou de fé, recordando diferentes símbolos religiosos estampados num lenço na cabeça, dos atentados terroristas de Julho em Londres, aos quais dedicou o tema "Miss Sarajevo", bem como do combate à pobreza em África.
Ao longo de duas horas exactas, incluindo os dois encores, Bono, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr percorreram as duas passadeiras vermelhas que se aproximavam da plateia, para protagonizar vários dos momentos do concerto.
"Sunday Bloody Sunday", "I Will Follow", "Where the Streets Have no Name", "With or Without You", "Beautiful Day" e "Miss Sarajevo", tema que terminou com a passagem de seis artigos da Declaração Universal dos Direitos do Homem, foram outros dos momentos mais felizes da banda em palco.
Musicalmente, o concerto foi quase irrepreensível, profissional e dinâmico, não fosse algum desequilíbrio sentido no som entre os instrumentos, sobretudo na guitarra de The Edge, que por vezes abafava a voz de Bono.
"Obrigado por nos proporcionarem a excelente vida que nós temos", agradeceu o vocalista dos U2.
Ao final da tarde, os britânicos Kaiser Chiefs ficaram com a tarefa de assegurar sozinhos a primeira parte do concerto dos U2, já que os Keane tiveram que cancelar a actuação à última da hora devido a um problema de saúde do vocalista.
Em palco, os Kaiser Cheifs mostraram numa hora de que é feito o álbum de estreia, "Empployment", conseguindo arrancar mais aplausos da plateia no tema "I Predict a Riot".

1 comentário:

Alfredo de Sousa disse...

O nosso Presidente interrompe as férias para condecorar uma banda rock IRLANDESA, mas para se solidarizar com os bombeiros que apagam fogos noite e dia e com as populações PORTUGUESAS que perderam tudo o que amealharam durante uma vida não despende um diazito do seu merecido descanso! É o país que temos...