Segundo os economistas
Cavaco trará estabilidade à política
económica do Governo
O novo Presidente da República deverá manter uma coabitação saudável com o Governo, num clima de estabilidade política que pode ajudar a economia portuguesa, consideram economistas contactados pela agência Lusa.
O economista Miguel Beleza acredita que Cavaco Silva, que será empossado quinta-feira, "não irá fazer o que quer que seja para ter más relações com o governo de Sócrates", pelo que há algum espaço para uma "confiança reforçada" por parte das empresas e das famílias.
"Gostaria de o ver a evitar erros grandes de política económica, como a Ota e o TGV, mas não o pode fazer directamente", admitiu o ex-ministro das Finanças.
No entanto, o Presidente pode influenciar o Governo e dispõe de instrumentos como a "persuasão, a influência e a possibilidade de se dirigir directamente à Assembleia da República" para fazer vingar as suas ideias.
Beleza está convencido de que "parte do eleitorado" que votou em Cavaco Silva nas presidenciais fê-lo "com a esperança de que ele mudasse qualquer coisa", embora os seus poderes directos sejam reduzidos.
Cavaco Silva é um "homem de Estado" e não vai causar dificuldades à governação e ao país, acrescentou o economista social- democrata.
Octávio Teixeira, economista e ex-deputado comunista, espera também que o novo Presidente da República dê cobertura a um conjunto de políticas do governo, mas para ele, essas políticas "não resolvem os problemas económicos". Vão antes agravá-los.
Dado que as concepções de políticas económicas e sociais de Cavaco Silva e José Sócrates são "muito próximas", Octávio Teixeira não espera "grandes confrontos" entre os dois responsáveis.
O comunista lembra que durante a campanha eleitoral, o "meio empresarial" português deu o seu apoio a Cavaco Silva, pelo que é natural que os empresários se sintam "mais motivados" e confiantes para tomarem as suas decisões de investimento agora que o novo presidente vai ser empossado.
Com mais confiança, a economia tem melhores condições para recuperar, admite Octávio Teixeira.
João Ferreira do Amaral, economista e ex-assessor de Jorge Sampaio no seu primeiro mandato, tem uma opinião diferente: "A confiança dos agentes económicos (consumidores e empresários) não se vai alterar" pela substituição do presidente.
Essa confiança pode aumentar simplesmente porque Portugal vai viver nos próximos anos um longo período de "estabilidade política", já que não estão agendadas eleições durante alguns anos, acrescentou o professor do ISEG.
Relativamente às presidências passadas, Ferreira do Amaral não antecipa grandes diferenças, pois acredita que a intervenção de Cavaco Silva será sobretudo de "apoio" à política económica do Executivo.
No domínio externo, o novo presidente deve repetir as passadas dos seus antecessores, integrando nas suas comitivas ao estrangeiro empresários portugueses com interesses na região, segundo o mesmo economista.
Aníbal Cavaco Silva, eleito nas presidenciais de 22 de Janeiro, vai substituir Jorge Sampaio como Presidente da República a partir da próxima quinta-feira.
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