segunda-feira, março 13, 2006

Gripe das Aves
Um quarto dos portugueses ficará
em casa durante pandemia


Uma pandemia causada pelo vírus da gripe deixará em casa entre 20 e 30 por cento da população, razão que levou hoje a sub-directora geral da Saúde a apelar às empresas para que elaborem os seus planos de contingência.
Graça Freitas falava durante uma sessão acerca de "Cenários sobre a gripe pandémica", durante a qual foram recordados os três cenários elaborados para o caso de uma pandemia de gripe em Portugal.
De acordo com as previsões do Observatório Nacional de Saúde (ONA), se a gripe afectar cerca de 25 por cento da população portuguesa, são esperados 7.975 mortos.
Se 30 por cento dos portugueses forem afectados pela gripe, o número de mortos provável é de 9.571 e de 11.166 mortos no caso de 35 por cento da população ser afectada.
A sub-directora geral da Saúde, Graça Freitas, alertou para as previsões actuais que apontam para 20 a 30 por cento da população em casa, "porque estarão doentes, têm de cuidar dos familiares doentes ou simplesmente porque têm medo".
Por esta "e outras" razões, as empresas devem estar preparadas e "planear os seus recursos para assegurarem o funcionamento normal da sociedade", disse.
"Como é que as empresas vão proteger os seus trabalhadores? E os seus clientes", questionou Graça Freitas que apelou às empresas para realizarem os seus planos de contingência contra uma eventual pandemia de gripe.
"Cada empresa, escola e até cada casa deve ter o seu próprio plano de contingência, de forma a conseguir funcionar com o mínimo de perturbação social", acrescentou.
Uma resposta possível está a ser elaborada pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Universidade Nova de Lisboa que, em parceria com a DGS, desenvolveu uma "resposta portuguesa à gripe pandémica".
De acordo com o docente da ENSP Constantino Sakellarides, uma cidade atingida por uma pandemia de gripe é uma metrópole com "perdas humanas, um impacto económico negativo, algum egoísmo, mas também uma dose de solidariedade".
O especialista considerou que esta é "uma ameaça real, mas também uma oportunidade para inovar", pelo que a equipa da ENSP, num projecto apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, elaborou um modelo de cidade afectada pela pandemia, numa busca por respostas que ainda não está concluída.
A questão colocada é: "Como construir um modelo doméstico de interactividade que apoie os doentes e proteja os sãos?".
Para encontrar respostas a esta questão, especialistas de várias áreas apontam soluções. Por exemplo, para evitar que as crianças que não forem à escola percam o ano escolar, é proposto o ensino à distância.
A aquisição de alimentos pode passar por modelos tipo "MacDrive" (compra no carro).
A nível das empresas, a medicina do trabalho tem "uma oportunidade de ser mais útil do que habitualmente", de acordo com o médico especialista António Sousa Uva.
"As empresas devem saber que as pessoas são fundamentais", sustentou.

Sem comentários: