sábado, setembro 10, 2005

"Chinfrim" de meia-noite quis acordar
José Sócrates para combater pobreza



Um "chinfrim" de despertadores, telemóveis, apitos, tampas de panela e palmas marcou hoje a noite junto à residência oficial do primeiro-ministro, alvo de uma iniciativa para "acordar" os governantes para a necessidade de combater a pobreza.
A partir da meia-noite e durante dez minutos, cerca de uma centena de pessoas procurou fazer o máximo de barulho possível, embora o destinatário, José Sócrates, não estivesse "em casa".
Mesmo assim, a organização não-governamental Oikos, que promoveu a iniciativa em Portugal, entregou a um assessor político do primeiro- ministro o seu manifesto, secundado por um abaixo-assinado com cinco mil nomes.
O director-executivo da Oikos, João José Fernandes, disse à Agência Lusa que o objectivo da iniciativa "Pobreza Zero", que decorreu simultaneamente em 75 países, é "pressionar os líderes mundiais" que vão participar na assembleia geral da ONU, de 14 a 16 de Setembro, para a necessidade de atingir os objectivos do programa de desenvolvimento para o milénio.
A eliminação da pobreza extrema, a protecção ambiental e a igualdade entre homens e mulheres são algumas das linhas-base do programa das Nações Unidas.
A barulhenta manifestação contou com Renato Pernadas e a família, que para uma noite de sexta-feira diferente, trouxe os filhos até junto do palácio de São Bento, porque acha que os ideais que a campanha promove se devem cultivar "de pequenino".
Um despertador com a cara do personagem de desenhos animados Sylvester, o gato, deu o primeiro alarme, a que se foram juntando, com alguma descoordenação, toques de telemóvel, tampas de panela batidas uma contra a outra, palmas, assobios e até um apito de ir à caça.
"Acorda! Acorda!" foi a principal palavra de ordem da manifestação, que embora barulhenta, não chegou directamente aos ouvidos de José Sócrates, apenas ao dos vizinhos que foram acorrendo às janelas para saber de onde vinha o ruído.
Além da parte sonora, os aderentes trouxeram consigo vários cartazes com estatísticas que indicam que a cada cinco segundos morre uma criança com fome, entre outros dados sobre analfabetismo ou as carências de água potável.

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