quarta-feira, março 02, 2005

Sul do concelho de Ovar também sofre
Populações de Avanca e Beduído são
vulneráveis em caso de acidente industrial


Devido aos ventos dominantes, as populosas zonas de Beduído e Avanca são as mais vulneráveis do concelho de Estarreja, em caso de acidente no complexo químico, indica um estudo ontem apresentado. O estudo, que analisa o Plano de Emergência Externo de Estarreja, foi divulgado no âmbito do "Curso de Pós-Graduação e Especialização em Gestão de Protecção e Socorro" da Universidade Moderna do Porto. Resultado de um protocolo celebrado entre a Câmara de Estarreja e aquela universidade, o trabalho foi apresentado publicamente para assinalar o Dia Internacional da Protecção Civil.
De acordo com a análise, a população concentrada nas freguesias que envolvem o complexo químico, Avanca e Beduído, será a mais afectada devido à predominância de ventos de quadrante norte, no caso de se verificar um acidente industrial grave, como uma fuga de gás tóxico. Por outro lado, a sobrecarga da Estrada Nacional n.º 109, o único eixo rodoviário urbano estruturante do concelho, poderá constituir um obstáculo à retirada das populações em risco, pelo que o estudo aponta a nova A29 como via privilegiada de socorro.
Outra dificuldade apontada em caso de acidente é o envelhecimento da população, já que um em cada três habitantes tem mais de 64 anos, o que é um factor a considerar em situação de risco. A contaminação das águas é outra das ameaças, pois o próprio complexo químico se situa sobre um aquífero superficial e em solos de elevada permeabilidade, sendo que se estima que 65 por cento da população ainda recorra a águas subterrâneas para consumo doméstico.
Além de apontar as ameaças e analisar os riscos, o trabalho ontem apresentado pela Universidade Moderna do Porto indica como pontos fortes do Plano de Emergência Externo de Estarreja o facto de cumprir com as directivas e legislação aplicável à sua elaboração, antever a transferência do centro de operações em caso de acidente para uma zona a coberto de riscos e fazer a previsão de exercícios ou simulacros regulares.
Já no que respeita aos pontos fracos do plano, refere que não está garantida a articulação com os planos de emergência internos das empresas do sector químico, não indica o traçado dos oleodutos entre as várias unidades fabris e é omisso quanto aos possíveis cenários de crise.
O risco de haver um efeito «dominó», dada a proximidade das fábricas, é também salientado, tanto mais que não estão previstas medidas de autoprotecção das restantes empresas, se houver um acidente numa delas.
Outras falhas apontadas ao plano são a falta de indicação dos contactos dos responsáveis pela segurança das unidades fabris e de importantes estruturas, como os campos de futebol que podem ser usados como heliportos, e ainda a indefinição dos locais de evacuação, constando apenas os trajectos e pontos de reunião.(«Público»)

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