quinta-feira, março 03, 2005

Esmoriz e Cortegaça
Programa Finisterra nunca funcionou
Obras de defesa da costa tardam

Notícias vindas recentemente a público, diziam que Esmoriz e Cortegaça estariam entre os 37 locais de risco, localizados do Minho ao Algarve para receber obras no sentido de travar o avanço do mar no litoral, ao abrigo do programa Finisterra.
Alcides Alves, presidente da Junta de Freguesia de Esmoriz, garante que esta é uma preocupação permanente do seu executivo. «É urgente que se façam obras para dar consistência à praia, porque só no bairro piscatório vivem 2.000 pessoas permanentemente ameaçadas pelo mar». «Estamos muito preocupados, porque são vidas humanas estão no fio na navalha», alerta, mais uma vez. «Temos informação de que há trabalhos previstos, mas oficialmente não sei de nada», admite, perplexo.
O Inverno tem sido calmo em termos marítimos, mas «tem que se fazer alguma coisa para prevenir as próximas marés vivas», apela o autarca esmorizense, que se diz «farto de intervenções pontuais» e à espera há muitos anos por uma intervenção de fundo que resolva o problema.
A confirmarem-se os trabalhos, Alcides Alves lamenta que, mais uma vez, se esteja a projectar obras sem consultar as gentes da zona que «conhecem este mar melhor que ninguém». «Continua a ser tudo muito teórico, feito por técnicos que não saem dos gabinetes, em detrimento do conhecimento empírico», contrapõe. «Nós vivemos aqui 365 dias do ano, mas eles é que sabem», critica o autarca esmorizense que só espera que os trabalhos avancem rapidamente, porque do programa Finisterra ainda pouco viu. «Se era para implementar o POOC (Plano de Ordenamento da Orla Costeira) ficou-se pelo papel», recorda.
Em Cortegaça, o sentimento é sensivelmente o mesmo. «Oficialmente, não sei de nada», responde Pedro Coelho, presidente da junta local, mas pensa tratar-se de boas notícias, porque a praia está muito necessitada de protecção. De qualquer modo, embora tenha tentado por diversos meios saber de que instrumentos poderia lançar mão, também diz que «nunca soube de nenhuma iniciativa palpável do programa Finisterra». Mas os problemas subsistem e têm tendência a agravar-se. Segundo o autarca, a Norte da praia há duas plataformas de defesa, a mais baixa das quais aguarda obras que ficaram por concluir aquando da última intervenção. «No fim do estacionamento, é urgente continuar com a obra de fecho da praia velha, antes do mar voltar a bater», avisa Pedro Coelho. Mas o que é preciso fazer não fica por aqui. O autarca cortegacense aproveita para lembrar que «a cabeça dos esporões da defesa frontal da praia estão muito danificados e a tendência é ficarem cada vez mais fragilizados». Ele garante que tem feito «barulho» junto das autoridades competentes, «mas ninguém nos ouve ou aparece aqui».
Esmoriz e Cortegaça encontram-se entre as praias portuguesas mais ameaçadas, sobretudo para quem mora em bairros piscatórios, construídos junto dos areais e do Programa Finisterra só ouviram o nome porque dinheiro para obras nunca viram.
O plano de combate à erosão, previsto pelo Ministério do Ambiente, prevê acções de qualificação das praias e ordenamento através da renaturalização de dunas, o enchimento artificial de praias, reparação de molhes e a requalificação urbana. De acordo com o previsto, as necessidades mais prementes serão intervencionadas num prazo de um a três anos e as outras em prazos mais alargados no tempo, e que podem ir de três a cinco anos. A verba para as obras, cerca de 50 milhões de euros, está incluída Orçamento do Estado deste ano. Os autarcas das zonas sensíveis aguardam que os trabalhos se iniciem rapidamente para evitar males maiores.

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