Arquivamento do Processo Apito Dourado
Revolta e Denúncia
1. Tomei conhecimento, através da comunicação social, do arquivamento de parte do processo vulgarmente conhecido de "Apito Dourado", relativo ao jogo FC Porto-Estrela da Amadora, de 24 de Janeiro de 2004. Lendo no jornal O Jogo de 27-04-2006, uma síntese dos factos apurados, não posso deixar de expressar a Vª Exª o mais profundo repúdio pelo arquivamento exarado pelo sr. Procurador Jorge Marques, do Porto, que se me afigura atentório da mais elementar justiça pública.
2. Os factos apurados que geram revolta e denuncia, são os seguintes:
- Um árbitro (juiz entre dois clubes) telefona ao empresário do FCP, António Araújo, antes do jogo, solicitando sobremesa ou fruta humana para depois do jogo.
- O empresário A. Araújo avaliza a encomenda da fruta junto do sr. Pinto da Costa!
- Apesar do jogo ser fácil, o FCP só ganharia por 1-0 e com evidente auxílio do árbitro, segundo o relatório dos fiscais presentes.
- No final do jogo, os árbitros deste jogo, bem como os árbitros do jogo do FCP (B) vão todos jantar com os dirigentes do FCP, Reinaldo Teles, Pinto da Costa, António Garrido, etc. numa marisqueira de Matosinhos!
- A conta é paga pelo sr. Pinto da Costa com um cartão de crédito do FCP.
- De seguida, já de madrugada, esses árbitros vão então comer a fruta humana previamente encomendada que se encontrava na boite Golden.
- O serviço das três meninas (fruta humana) foi pago pelo empresário do FCP, António Araújo que se encontrava no local (150 euros cada menina).
3. Como é possível o sr. Procurador do Porto, Jorge Marques, não encontrar nestes factos nada de corruptível?! Segundo esse mesmo princípio, daqui para a frente, qualquer árbitro (juiz em campo) poderá encomendar sobremesas valiosas ou prendas (meninas, automóveis, apartamentos, viagens ao Brasil, etc.) para o final de cada jogo sem que este sr. Procurador encontre nisso qualquer malícia ou corrupção.
4. Este sr. Procurador desprezou o relatório oficial do jogo, que incriminava a actuação do árbitro, encomendando outro relatório a observadores exteriores e com opinião distinta, o que não retira o princípio da corrupção desportiva, pois esse árbitro poderia beneficiar o referido clube, directa ou indirectamente noutros jogos! Então este sr. Procurador não sabe que um campeonato tem mais de 30 jogos e que o aliciamento do árbitro pode não ser feito especificamente ou só para um jogo (este até era fácil), mas para outros jogos dessa equipa ou das equipas rivais em que esse árbitro intervenha!
5. Sentindo-me ofendido na minha cidadania e dignidade intelectual com tamanha afronta pública, enquanto cidadão, solicito a apreciação superior destes factos pois, a serem verdade, eles configuram-se como uma enorme embuste público, exigindo a reposição da verdade e da justiça!
(Texto enviado por leitor devidamente identificado)
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