quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Futebol
Presidente decreta lei da rolha ao plantel

As sucessivas promessas da direcção da Ovarense para liquidar os ordenados em atraso estão a deixar os jogadores à beira de um ataque de nervos e só a liderança de Mazola tem mantido alguma serenidade no grupo. Ainda assim, o técnico teme que a situação possa descambar a qualquer momento e repete o aviso: “Quando vir que já não existem condições para trabalhar, serei o primeiro a deixar a Ovarense.”
Os jogadores, contudo, nem sequer podem falar das suas situações conturbadas. Ontem, a nossa reportagem acompanhou o treino da manhã e quis inteirar-se da real situação do clube. Debalde, tais foram as dificuldades sentidas. O presidente Carlos Brás disponibilizou-se a comparecer no novo complexo desportivo. A espera foi longa e, finalmente, Carlos Brás chegou, acompanhado por prováveis investidores, mas adiou a conversa para o Marques da Silva. Chegado às instalações, reuniu-se demoradamente com a equipa técnica e plantel, para depois sair, anulando o compromisso assumido da entrevista, sem que antes tivesse o cuidado de advertir os jogadores para não prestarem declarações.
Os semblantes dos atletas não conseguem, porém, esconder o desânimo que os invade. Alguns debatem-se com graves problemas financeiros e têm de recorrer ao auxílio familiar para pagarem as rendas de casa e, consequentemente, o evitar dos cortes de água, gás e electricidade como, de resto, já aconteceu. O silêncio tem a tradução fácil de quem tem três meses de trabalho até ao final do campeonato e quatro meses e meio de vencimentos por receber.
A Ovarense só sucumbiu aos lugares cimeiros no final da primeira volta. Nada que o técnico não tivesse previsto face à degradação das condições de trabalho. Agora, a prioridade passa pela permanência. “O nosso objectivo agora é lutar pela manutenção e tenho a certeza de que apesar de todas as dificuldades vamos manter a Ovarense na Liga de Honra.”
Após a partida com o Santa Clara, Mazola ameaçou sair se não existissem condições de trabalho. Posteriormente, reuniu-se com os jogadores e deu o prazo de “umas semanas” à direcção. “Debato-me com o problema de incentivar a rapaziada a jogar ao ritmo que desejo. Nesta semana as coisas estão melhores e vamos ver os resultados destes jogos em casa.”

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