Centenário do nascimento de Agostinho da Silva
Celebrações nacionais arrancam hoje
As comemorações do centenário do nascimento de Agostinho da Silva, pensador que continua controverso e enigmático, arrancam hoj e no Centro Cultural de Belém com o patrocínio da Ministra da Cultura, Isabel Pi res de Lima.
As celebrações incluem colóquios, exposições, publicação de livros a ed ição de um selo comemorativo, a abertura da cátedra "Agostinho da Silva" na Univ ersidade de Brasília e o baptismo de um avião da TAP com o seu nome.
As iniciativas resultam de uma parceria dos governos de Portugal e do B rasil (onde o escritor esteve exilado) e a Associação Agostinho da Silva e inclu em a projecção do documentário "Agostinho da Silva:um Pensamento Vivo" e a inaug uração da mostra "Agostinho da Silva:Pensamento e Acção" em cidades portuguesas e estrangeiras.
A efeméride revela que o pensador e pedagogo continua uma figura contro versa e enigmática, mesmo para os que com ele privaram.
Reconhecendo que a sua personalidade sempre o intrigou, o ensaísta Edua rdo Lourenço afirmou que "não era parecido com ninguém, excepto com ele próprio" e lamentou que a sua obra ainda esteja "pouco estudada".
Por seu lado, o escritor Fernando Dacosta afirmou à Lusa que se vive "u m tempo anti-Agostinho da Silva", pois "a sua filosofia e utopia" não têm eco ju nto dos governantes, apesar de Agostinho ter sido uma figura de "grande lucidez" .
Quanto a Nuno Nabais, professor de Filosofia em Lisboa, assegurou que " não existe um `pensamento Agostinho da Silva'" e disse acreditar que o pensador "estaria a rir-se, ao ver-se objecto de comemorações oficiais".
O escritor Baptista-Bastos, por seu lado, declarou à Lusa que Agostinho da Silva - "um grande museu clássico com um perfume de modernidade" - represent a "uma grande dose de utopia, de quimera e de esperança nas infinitas possibilid ades do Homem".
O filósofo e pedagogo Agostinho da Silva nasceu no Porto a 13 de Fevere iro de 1906, esteve preso no Aljube devido a polémicas com o Estado Novo e a Igr eja e optou por se exilar no Brasil, onde co-fundou as universidades federais de Paraíba e Santa Catarina e a Universidade de Brasília.
Quando morreu, em Lisboa, a 03 de Abril de 1994, Agostinho da Silva dei xou uma obra vastíssima que inclui textos pedagógicos, ensaios filosóficos, nove las, artigos, poemas, estudos sobre História e cultura e as suas reflexões sobre a religião.
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