sexta-feira, dezembro 17, 2004

Leiam este excelente post do «Santaterrinha»:
TODOS NÓS TEMOS A AMÁLIA NA VOZ


No panorama musical Português do sec. XX, os dedos de uma só mão sobram para enumerar os artistas que assumiram uma importância capital: Amália, Carlos Paredes, José Afonso e António Variações.
Aos primeiros três, a longevidade artística - mais no caso de Amália - permitiu-lhes o reconhecimento público ainda em Vida, embora tardiamente no caso de José Afonso.
Para António Variações, o tempo foi escasso.
Passou meteoricamente por entre o nacional cinzentismo do seu tempo - e de agora? - trazendo novidade e abalando fronteiras musicais teimosamente rígidas, com a sua música «algures entre Braga e Nova Iorque».
Deixou um Single - «Povo que Lavas no Rio»/ «Estou Além» (1982) - e dois Álbuns -«Anjo da Guarda» (1983) e «Dar e Receber» (1984) - mais uma série de maquetas e gravações, embrião daquilo que seria porventura o rumo musical futuro.
Para os nascidos depois do início da década de 80, Variações pouco dirá.
Para os outros, contemporâneos do cantor, a memória foi-se esbatendo, volvidos 20 anos sobre o seu desaparecimento.
Impunha-se, por isso, aflorar à memória colectiva o Legado de António Variações.
O Projecto «Humanos», no qual Manuela Azevedo, Camané e David Fonseca emprestam a voz a uma série de excelentes inéditos, tem o mérito de trazer a música de António Variações novamente para a ribalta.
Os arranjos de Nuno Rafael, Hélder Gonçalves, Sérgio Nascimento e João Cardoso transformaram "Humanos" na melhor aproximação àquilo que seria o 3º Álbum do cantor.
O Resultado é francamente bom, seguramente um dos melhores discos de música portuguesa dos últimos anos.
Escute-se «Maria Albertina» e «Adeus que me vou embora», por exemplo, e veja-se como Variações vive na voz de Camané. Ou como «Muda de Vida» assenta que nem uma luva no timbre de Manuela Azevedo.
A prova de que, afinal, «todos nós temos o António na Voz».

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