quarta-feira, abril 12, 2006

SJ Madeira
Vizinhos discutem «custódia»
de cão em tribunal


Quando há mais de cinco anos um pequeno rafeiro apareceu à porta de um café no Bairro da Cooperativa 11 de Outubro, em S. João da Madeira, ninguém podia imaginar que ele seria a causa da zanga entre dois vizinhos e que a sua «custódia» iria ser dirimida no Tribunal.
Com a tristeza estampada no rosto, própria de quem perdeu um «grande amigo», Felisberto Miranda recorda o dia em que o pequeno rafeiro chegou ao café e se deitou na cadeira.
Os dias foram passando e os dois foram-se afeiçoando. Como ninguém reclamava o pequeno rafeiro, a vizinha Ana Maria Almeida, sugeriu ao invisual que ficasse com ele. Felisberto Miranda e a mulher Laurinda acabaram por aceitar a sugestão e ficaram com o «Escova» que passou a fazer parte da família, com direito a foto no «passpatour» da sala e tudo. «Ele é muito inteligente, bastava eu pegar no boletim do totoloto que ele vinha logo a correr e levava-me ao quiosque para o registar», conta amargurado Felisberto Miranda.
Na rua todos se habituaram a ver o «Escova» - nome que resulta do facto do cão ser muito carinhoso – com Felisberto Miranda e a mulher. «Nem no supermercado lhe impediam a entrada», sublinha. Sempre que tinha que se ausentar, pois durante algum tempo foi um dos responsáveis regionais da ACAPO (Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal) era a vizinha, que também tinha a chave de sua casa, que tomava conta do «Escova». «Até combinávamos as férias para ele nunca ficar sozinho», reforça.
O problema surgiu quando em Abril de 2004 a mulher de Felisberto Miranda teve um problema de saúde e foi internada no hospital e teve uma convalescença de alguns meses. Nessa altura, explica o invisual, o «Escova» passou a dormir em casa de Ana Maria que também olhava por ele durante o dia enquanto ele passava o dia ao lado da esposa. «Ela ofereceu-se para isso e eu agradeci», afirma. («DA»)

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