quarta-feira, setembro 27, 2006

Alterações climáticas
Temperatura terrestre nunca
subiu tanto em 12.000 anos


A temperatura terrestre atingiu nos últimos 30 anos o seu nível mais alto em quase 12.000 anos, um fenómeno que está já a afectar a fauna e a flora, indica um estudo norte-americano hoje publicado.
A rápida subida da temperatura global nos últimos 30 anos, à razão de 0,2 graus Celsius por década, faz com que estejamos actualmente a cerca de um grau Celsius do máximo registado em quase um milhão de anos, segundo um dos principais autores da investigação, James Hansen, do Instituto Goddard da NASA.
O trabalho vem publicado na edição de hoje da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
"Esta subida do termómetro significa que a Terra atingiu a temperatura mais quente do período interglaciar actual, iniciado há cerca de 12.000 anos", a firmou.
Poucos cientistas duvidam que o planeta aqueceu, embora alguns divirjam sobre as causas da alteração.
Hansen, que advertiu há décadas para o perigo das alterações climáticas, considera os gases com efeito de estufa produzidos pelo homem como o factor dominante desse fenómeno.
"Os índices levam a pensar que nos aproximamos de níveis perigosos de poluição humana", com os gases com efeito de estufa como o CO2 (dióxido de carbono) a constituir, nas últimas décadas, a principal causa das alterações climáticas, advertiu o climatologista.
"Se o aquecimento atingir dois ou três graus Celsius, teremos provavelmente as alterações que farão da Terra um planeta diferente do que conhecemos", acrescentou.
"A última vez que o planeta esteve tão quente, no meio do Plioceno, há cerca de três milhões de anos, o nível dos oceanos estava cerca de 25 metros acima do actual", segundo as estimativas, sublinhou.
Os autores do estudo mencionam um trabalho publicado em 2003 pela revista científica britânica Nature no qual se referia que 1.700 variedades de plantas e espécies de animais e de insectos migraram em direcção ao Pólo Norte a um ritmo médio de 6,5 quilómetros por década durante a última metade do século XX.
O aquecimento é mais pronunciado no norte, nas proximidades do Árctico, onde a fusão dos gelos e das neves põe a nu partes do solo mais escuras, que absorvem por isso mais calor do Sol, amplificando o fenómeno.
Pelo contrário, os oceanos estão a aquecer mais devagar graças às trocas térmicas com as águas frias das profundidades, embora os investigadores assinalem um maior aquecimento nas águas dos oceanos Índico e Pacífico ocidental.

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