Bolseiro protesta «sobre rodas»
ausência de pagamento
De bicicleta e mochila às costas, João Freire, bolseiro de investigação científica há nove anos, partiu ontem de manhã de Aveiro para continuar o protesto que iniciou no Porto. Rumo à Praça do Comércio, em Lisboa, o bolseiro decidiu promover esta acção devido à ausência de pagamentos dos últimos três meses, ou seja 4.200 euros em dívida.
Sempre a pedalar pela zona litoral, João Freire passou já por Espinho, tendo chegado a Aveiro na segunda-feira, por volta das 17 horas. Em solidariedade com o colega, o Núcleo de Bolseiros da Universidade de Aveiro (UA), que faz também parte da ABIC (Associação de Bolseiros de Investigação Científica), juntou-se em frente à Reitoria da Universidade para demonstrar o seu apoio em relação à situação daquele bolseiro. Raquel Santos, presidente do Núcleo de Bolseiros da UA, afirmou estarem solidários com o colega «porque situações destas não podem, obviamente, acontecer». Acrescentou ainda que os bolseiros consideram-se «profissionais de investigação e por isso têm direito a um conjunto de benefícios».
Na situação de João Freire encontram-se mais 11 pessoas, que não receberam pagamentos nos meses de Março, Abril e Maio. A título individual, mas com o apoio da ABIC, João Freire decidiu fazer este percurso de bicicleta (demorando cinco dias), porque desde o último Carnaval deixou de ter dinheiro para a gasolina ou para qualquer outro transporte para se deslocar para o trabalho. A partir dessa altura começou a fazer o trajecto casa-trabalho de bicicleta, desde São Marcos, onde reside, até Oeiras, onde trabalha, fazendo, por semana, cerca de 95 quilómetros. Daí a ideia de fazer um protesto «sobre duas rodas». («DA»)
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