A Exponor e as deslocalizações!
Quando há já alguns meses se começou a dizer que a AEP queria fechar a Exponor e construir uma nova feira 30 quilómetros a sul, poucos acreditavam que isso seria uma possibilidade. Havia mesmo quem, ainda que por razões decorrentes do momento eleitoral que então se avizinhava, jurasse a pés juntos que a Exponor "não tinha rodas" e outros mimos a que o populismo já nos foi habituando.
Mas, como em tantos outros casos, onde há fumo há fogo, e a AEP está mesmo apostada em afastar a Exponor do aeroporto e da origem e destino dos mais diversificados meios de transporte e rotas de viagem. Também por isto esta é uma decisão que causa perplexidade e que conta com uma rejeição generalizada de que sublinho (por ser exterior às fronteiras localistas), a da Associação Comercial do Porto e do seu presidente.
Mais dia menos dia, a Exponor lá vai acordar no coração das terras de origem do (quase) eterno presidente da AEP!
Não obstante o frontal desacordo e a viva indignação que causa, esta é uma decisão privada que tem de ser respeitada. Da mesma forma se terá, porém, que exigir à AEP o respeito integral pelos compromissos e acordos assumidos, local e regionalmente; tal como tem também de se exigir que essa decisão privada não esteja à espera de ser concretizada à custa dos dinheiros públicos. Se, contra tudo o que aparenta lógica, a AEP insistir em fechar a Exponor em Matosinhos, terá então que devolver os terrenos que lhe foram cedidos, e terá também que deixar de pensar na especulação imobiliária que lhe pudesse trazer proveitos para financiar a deslocalização da Exponor e a construção de uma nova feira de exposições.
Mais não se imagina que a AEP feche uma infra-estrutura que foi construída e desenvolvida com financiamentos do Estado e fundos comunitários, e possa depois estar a pensar em candidatar a construção da nova feira a idênticos apoios. Não se imagina que a AEP esteja a pensar neste estratagema, como ainda menos se admite que o Governo o possa sequer encarar!... É que, quando finalmente parece haver consenso para tomar algumas medidas concretas para impedir que multinacionais fechem empresas em Portugal e as abram num qualquer outro país com financiamentos públicos e comunitários, não é aceitável que, cá dentro, o Governo o possa vir a fazer com a AEP, com o encerramento em Matosinhos e a construção de uma nova Exponor na primeira portagem da A1 em direcção ao Sul.
Honório Novo (honorio.novo@sapo.pt), deputado do PCP, in «JN»
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