Autora e ilustradora de Ovar
A Caixinha Mágica
LÉ, Elsa (Março de 2005): Um milhão de Beijinhos, Colecção “lua de papel”, Porto: Âmbar (Texto e ilustração de Elsa Lé) (1ª edição)
ISBN 972-43-0869-3
A partir dos 4 anos
Este álbum é composto a uma só mão, a da autora e ilustradora Elsa Lé.
Elsa Lé, nasceu em 1968, em Ovar. Licenciou-se em Pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto. É professora de Educação Visual e Expressão Plástica, do 3º ciclo do Ensino Básico. Lecciona no Porto e já participou em várias exposições individuais e colectivas. É autora e ilustradora dos livros infantis “Um milhão de beijinhos”, editado pela Ambar, em 2005, e “Risco, o peixe-aranha”, editado pela Ambar, em 2006.
A actividade editorial da Ambar conhece um tempo de renovação com mais projectos e uma outra estratégia, no sentido de reforçar a dinâmica do livro dentro e fora do País, dando uma atenção especial à cultura e aos autores portugueses, com uma aposta nos diferentes géneros de escrita e em particular na ficção e ensaio. Temas da actualidade e de intervenção sócio-cultural inscrevem-se, também, nos projectos da editora.
Esta obra retrata a vivência de uma menina, Maria, que vive num mundo doce e colorido, onde há lugar para o sonho e o amor. Mas, um dia, algo de muito triste acontece no seu mundo e no coração dos adultos. Maria terá de arranjar uma solução fantástica, para que a ternura regresse ao coração de alguém que ela muito ama, o pai. E assim ofereceu-lhe uma caixinha de fósforos vazia, embrulhada num papel prateado muito bonito. O pai, quando recebeu a prenda, ralhou com ela porque não se devia oferecer algo sem ter nada dentro. Maria ficou tristíssima e disse-lhe que tinha soprado lá para dentro um milhão de beijinhos. Abraçaram-se e ficaram unidos para sempre.
Este álbum tem um conjunto restrito de personagens, apenas a Maria e seu pai, e um registo bastante simples, composto por um vocabulário muito acessível, o que promove uma intimidade texto-leitor.
Para essa espécie de intimidade texto-leitor, contribui, ainda, o facto de, em geral, as ilustrações, sempre de dimensão/extensão superior à mancha vocabular, não só precederem, mas também alargarem, de modo evidente, o sentido do texto verbal. Para esse alargamento as cores têm aqui um papel muito importante pois estas adequam-se ao sentimento do texto escrito, se o texto trata de uma parte mais triste as cores são mais sombrias, se trata de uma parte feliz as cores são fortes e vivas.
A riqueza figurativa e a luminosidade policromática do texto icónico constatadas em Um milhão de beijinhos prendem o pequeno leitor que acaba por seguir com entusiasmo o desenrolar da história.
Este livro tem um espaço literário pautado pelo maravilhoso, um espaço no qual o leitor é convidado a “despegar os pés da terra” e a soltar a imaginação, é levado a idealizar o belo mundo onde Maria vive, a sua colorida casa, o seu quarto repleto de brinquedos, etc.
Após a leitura desta obra percebemos que o que importa aqui são, de facto, os laços afectivos que unem as pessoas. É um livro repleto de sentimento, de amor e carinho óptimo para crianças mas também para os adultos pois contem duas mensagens para eles. Uma, é que as crianças são diferentes dos adultos, pensam de maneira diferente, têm imensa imaginação por isso os adultos devem em primeiro ouvir e compreender os mais pequenos e não os censurar logo. A outra é que através das crianças se leva mais amor ao coração dos adultos para se conseguir um mundo melhor, sem guerras.
Cândida Duarte in «Mediadores, livros e leitores»
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