Requiem pela Yazaki Saltano
A esperança de que ainda possa haver um volte-face no despedimento colectivo é ténue para os cerca de 400 trabalhadores da Yazaki Saltano. Talvez assim se comprenda a preocupação manifestada por alguns em saber rapidamente os valores que vão receber pela indemnização que a empresa já fez saber que serão acima dos previstos na Lei. Querem fazer contas à vida, é normal, mas não devem perder de vista que o cheque que vierem a receber vai esfumar-se rapidamente. É que para a maioria destes empregados, as perspectivas não são risonhas. É verdade que os ordenados praticados na multinacional nipónica não eram de sonho, mas davam para levar a vida, pagar o apartamento e o automóvel. Não são mão-de-obra especializada, regra geral têm poucos estudos e além das cablagens, pouco saberão fazer. Vão ter dificuldades em regressar ao mercado de trabalho.
A empresa anunciou o despedimento, elaborou as listas com os nomes, mas ainda não despediu ninguém oficialmente, lembra o sindicato. Enquanto há vida, há esperança, diz o ditado. Por isso, apela à luta pela manutenção dos postos de trabalho e só depois pretende abordar a questão dos dinheiros da indemnização. Não há necessidade de queimar etapas...
Depois de se ter instalado em Ovar em terrenos adquiridos a preços simbólicos e de ter absorvido vários milhões em incentivos, a Yazaki vai-se embora porque na Turquia os salários são mais baratos.
A API referia, esta semana, ter estabelecido «contactos/negociações» com o grupo Amorim no sentido de cerca de 300 dos trabalhadores despedidos virem, eventualmente, a ser requalificados e empregados. O referido grupo já veio dizer que não teve qualquer tipo de contacto com vista a empregar os funcionários que vêm para rua da Yazaki Saltano. Mas mostrou abertura para sensibilizar os proprietários das lojas que se irão instalar no Centro Comercial «Dolce Vita», cujos trabalhos de construção decorrem mesmo em frente à Yazaki Saltano. O relógio ali instalado diz que faltam 97 dias para abrir. Ironias do destino.
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