segunda-feira, março 19, 2007

Infertilidade masculina
UA investiga soluções para
a concretização do sonho de ser Pai


Ser Pai. Uma experiência única para uns, um sonho difícil de concretizar para cerca de 25% dos Homens. A infertilidade masculina é, cada vez mais, uma realidade presente na vida de alguns casais. As causas são múltiplas, sendo uma delas a falta de mobilidade dos espermatozóides. Para os Homens que sofrem desta patologia, o Centro de Biologia Celular da UA traz agora algumas esperanças com os resultados optimistas já obtidos numa investigação que vem aprofundando o conhecimento sobre as proteínas envolvidas nessa função. O projecto tem ainda por objectivo facilitar o desenvolvimento de um contraceptivo oral para Homens.
Muitos factores influenciam a fertilidade de um casal: idade do homem e da mulher, frequência e técnica do coito, uso de lubrificantes vaginais, poluição, coexistência de algumas doenças, várias causas específicas de infertilidade e outras tantas desconhecidas. O Laboratório de Transdução de Sinais do Centro de Biologia Celular da UA, pioneiro na investigação em torno da estrutura molecular dos mecanismos de transdução de sinais no espermatozóide, pretende dar o seu contributo, especificamente, na resolução de problemas relacionados com a sua mobilidade, como explica o Professor Edgar Cruz e Silva, responsável pelo projecto.
«A infertilidade afecta um número crescente de indivíduos, pensando-se que defeitos na mobilidade do esperma sejam um factor importante em muitos casos. Novas abordagens bioquímicas e moleculares têm revelado importantes detalhes do controlo da mobilidade dos espermatozóides e da (in)fertilidade, em várias espécies de mamíferos. Assim, o foco principal da nossa investigação tem incidido sobre o papel que a proteína PP1 tem na integração das acções de diversos mediadores na modulação da mobilidade dos espermatozóides e na (in)fertilidade. Temos vindo a desenvolver um trabalho de caracterização da regulação bioquímica das suas funções, nomeadamente ao nível das bases moleculares da mobilidade do esperma em relação a complexos de sinalização de PP1 e ao seu papel na (in)fertilidade. Entretanto, descobrimos que existem outras proteínas, reguladoras da PP1, que, provavelmente, serão o alvo terapêutico mais adequado para abordar estes problemas. Algumas destas proteínas, previamente desconhecidas, foram descobertas e caracterizadas na UA».
Concretamente, é seu objectivo identificar e caracterizar as moléculas que estão envolvidas no controlo da mobilidade da cauda do espermatozóide, como funcionam e quais são os sinais celulares que controlam o desenvolvimento deste movimento, como refere o investigador. «Em experiências que já realizámos, verificamos que substâncias inibidoras de PP1, aumentam dramaticamente a mobilidade dos espermatozóides. Por isso, acreditamos que o que acontece ao longo do seu trajecto desde o canal reprodutor masculino para o feminino está relacionado com a actividade da PP1. Pensamos que ao compreender como é que a PP1 afecta a mobilidade, onde e sobre que proteínas é que actua na cauda do espermatozóide, isso pode ser útil do ponto de vista clínico e terapêutico».
Para além de importantes alternativas para o desenvolvimento de novas terapias da infertilidade humana, os resultados obtidos deverão contribuir, ainda, para o desenho de estratégias racionais de desenvolvimento de um método contraceptivo oral para Homens. Uma tarefa que não dispensará uma estreita colaboração com a indústria farmacêutica, na opinião do responsável. «Existe um grande interesse, tanto do ponto de vista científico como do ponto de vista da indústria farmacêutica, na compreensão destes mecanismos moleculares básicos para que se possam de um maneira racional desenvolver estratégicas terapêuticas para a infertilidade ou para o desenvolvimento de métodos anticonceptivos não hormonais. Seria óptimo se no futuro pudéssemos ter alguma colaboração com a indústria farmacêutica. A infertilidade está a aumentar e as causas continuam um pouco obscuras. Há um decréscimo da qualidade do sémen e o aumento brutal da infertilidade faz com que estas questões relacionadas com actividades de controlo da mobilidade dos espermatozóides sejam importantes nas duas perspectivas».

Instituições parceirasLaboratório de Transdução de Sinais, Centro de Biologia Celular, Univ. de Aveiro, Portugal | Laboratório de Neurociências, Centro de Biologia Celular, Univ. de Aveiro, Portugal | Medical Research Council Protein Phosphorylation Unit (Univ. of Dundee, Escócia) | Department of Biology, Kent State University (Kent, Ohio, EUA) | Department of Biochemistry, University of Leicester (Leicester, Inglaterra) | Center for Cell Signaling, University of Virginia (Charlottesville, EUA) | Division of Biochemistry, University of Leuven (Leuven, Bélgica)

Equipa de InvestigaçãoEdgar Figueiredo da Cruz e Silva | Odete Abreu Beirão da Cruz e Silva | Margarida Fardilha | Ana Paula Vintém | Wenjuan Wu | Maria João Cardoso | Sara Esteves | Cândida Zita Cotrim | Patrícia Cohen | Srinivasan Vijayaraghavan | Andrew Fry | David Brautigan | Mathieu Bollen
(Fonte: www.ua.pt)

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