segunda-feira, março 26, 2007

«A Filha Rebelde»: O Livro e o Palco

Agora que está aí (estreou no passado dia 15, no Teatro Nacional D. Maria II) a peça adaptada do livro homónimo - «A Filha Rebelde» - é bom reler a obra da autoria dos jornalistas José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz, este último residente em Ovar, numa edição da «Temas e Debates». Um trabalho de grande qualidade que nos dá a conhecer uma mulher fascinante, corajosa, que decidiu procurar o seu próprio destino numa época em que isso era quase impossível num país vigiado, sobretudo vigiado pelo seu próprio pai, director da PIDE/DGS.
Diz quem foi que a adaptação para o teatro é excelente. Poucas vezes se dirá com tanta propriedade que a realidade ultrapassa a ficção. Há dias, na TV, uma jornalista perguntava a José Pedro Castanheira por que razão não tinha feito ficção com esta história. E ele respondeu, obviamente: para quê ficcionar quando temos esta realidade? É que uma das principais raízes da força deste espectáculo é ele contar uma história verdadeira da nossa história recente. Uma história de pessoas e de países, de países que mudam e de pessoas que se mudam de armas e bagagens, levando a alma atrás, quando se cansam de os outros as tomarem como territórios já conquistados.
O texto de apresentação que se encontra no sítio do Teatro Nacional D. Maria II é um bom ponto de partida para quem ainda precise de que o seu apetite seja despertado:
«Annie Silva Pais, filha única do último director da PIDE, o Major Fernando Silva Pais, é casada com um diplomata suíço. A estada em Cuba e um encontro com Che Guevara mudarão a vida de Annie, que, saturada de uma existência em função das aparências, condicionada pelo aparelho repressivo do regime ditatorial português, se entregará integralmente à revolução cubana e aos seus ideais. Desaparecida durante algum tempo, Annie abandona o marido, a família e o país. No Portugal de Salazar, todos temem que tenha sido raptada e utilizada no contexto da guerra colonial. Mas Annie envolve-se numa profunda luta de valores e convicções, só regressando a Portugal após o 25 de Abril para ir visitar o pai à prisão. A coragem será uma das principais marcas de Annie, que protagoniza uma peça onde o drama, a traição, os afectos, a morte e os combates políticos se cruzam naquela que é uma história de vida rara e exemplar.»

Tudo por uma paixão – do Portugal de Salazar à Cuba de Che Guevara

A partir do ensaio com que os jornalistas José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz fizeram história (o livro é baseado na reportagem, publicada na revista do Expresso, que conquistou o Grande Prémio Gazeta de 2002 e está esgotado nas livrarias), a dramaturga Margarida Fonseca Santos assina uma versão da história de Annie Silva Pais, a filha do último director da Pide, que, contra as expectativas da família e as ordens de Salazar, se deixou fascinar pela Revolução Cubana e abandonou o marido para viver em nome de um ideal.
O Teatro Nacional D. Maria II apresenta o espectáculo, numa encenação da criadora espanhola Helena Pimenta, que reúne um elenco de luxo: entre os actores, Ana Brandão (no papel de Annie Silva Pais), Vítor Norte, Lídia Franco e Eurico Lopes.
Depois de «A Casa da Lenha», o público do Nacional é convidado a revisitar um período negro da nossa História – o do regime fascista – e a acompanhar mais um percurso individual de revolta: quando tudo a aconselhava à obediência, Annie disse «não» e construiu para si própria uma vida diferente daquela a que parecia fadada.

Resumo da acção

Annie Silva Pais, filha única do último director da PIDE, o Major Fernando Silva Pais, é casada com um diplomata suíço. A estadia em Cuba e um encontro com Che Guevara mudarão a vida de Annie que, saturada de uma existência em função das aparências, condicionada pelo aparelho repressivo do regime ditatorial português, se entregará integralmente à revolução cubana e aos seus ideais. Desaparecida durante algum tempo, Annie abandona o marido, a família e o país.
No Portugal de Salazar, todos temem que tenha sido raptada e utilizada no contexto da guerra colonial. Mas Annie envolve-se numa profunda luta de valores e convicções, só regressando a Portugal após o 25 de Abril para ir visitar o pai à prisão.
A coragem será uma das principais marcas de Annie que protagoniza uma peça onde o drama, a traição, os afectos, a morte e os combates políticos se cruzam naquela que é uma história de vida rara e exemplar.


encenação dramaturgia HELENA PIMENTA
cenografia JOSÉ MANUEL CASTANHEIRA
direcção musical JOÃO CABRITA
figurinos ANA GARAY
movimento NURIA CASTEJÓN
desenho de luz JOSÉ CARLOS NASCIMENTO
assistente de encenação CRISTINA LOZOYA
assistente de figurinos GILBERTO SORAGGI
assistente de espaço sonoro IÑIGO LACASA

COM

ALEXANDRE OVÍDIO AMILCAR AZENHA ANA BRANDÃO ANABELA TEIXEIRA BIBI GOMES CÉLIA ALTURAS EURICO LOPES JOANA BRANDÃO JOSÉ HENRIQUE NETO JAIME VISHAL LÍDIA FRANCO MANUEL COELHO MARQUES D’AREDE NÁDIA SANTOS RAQUEL DIAS RUI QUINTAS SÉRGIO SILVA VÍTOR NORTE

1 comentário:

rui rebelo disse...

belíssima actriz a Ana Brandão.