Futebol: Liga Honra
Jogadores da Ovarense avançam
com pré-aviso de greve
Os futebolistas da Ovarense decidiram hoje, por unanimidade, avançar com um pré-aviso de greve para o jogo com o Portimonense, da 12ª jornada da Liga de Honra, anunciou o presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF).
"Como o clube faltou à verdade, não liquidando o remanescente do ordenado de Setembro, nem o vencimento de Outubro, os jogadores decidiram, por respeito aos adeptos e à cidade, accionar o pré-aviso de greve e não avançar com a rescisão contratual", disse à Lusa Joaquim Evangelista, após uma reunião com o plantel vareiro.
O pré-aviso de greve terá de entrar ainda hoje nos serviços do Ministério do Trabalho, uma vez que são necessários cinco dias úteis para que seja efectivado.
De acordo com o presidente do SJPF, se até às 15:00 da próxima sexta-feira não for liquidado o diferencial do salário de Setembro e o mês de Outubro, os jogadores não comparecem no jogo com o Portimonense, a 27 de Novembro.
No dia 11 de Novembro, a Direcção da Ovarense, presidida por Carlos Brás, pagou apenas uma percentagem do salário exigido, pelo que os futebolistas avançaram com um pré-aviso de rescisão colectiva.
"A atitude da Direcção da Ovarense revela total incapacidade para resolver o problema e não contribui para as soluções exigidas pelos jogadores", acrescentou Evangelista.
"Há situações dramáticas na Ovarense e alguns jogadores só têm conseguido sobreviver com a ajuda de familiares e amigos", revelou.
A viver uma dessas situações está Artur, que na semana passada se demitiu do cargo de capitão de equipa, numa altura em que o clube lhe deve oito meses e meio de ordenados.
"Tem sido complicado viver assim. Desde sempre acreditei nas pessoas, mas não podemos viver de promessas. Iniciámos a nova época e os problemas são os mesmos. Está tudo na mesma", afirmou o jogador, que enverga a camisola da Ovarense há 17 anos.
Em declarações produzidas quarta-feira na sede da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, no Porto, o presidente do clube, Carlos Brás, lamentou que jogadores "com vencimentos entre os 1.250 e 2.750 euros" tivessem ido "para a comunicação social a equipararem-se a uns sem-abrigo".
"Acho que foi uma declaração infeliz. É lamentável que quando reivindicamos os nossos direitos nos equiparem a uns sem-abrigo", considerou Artur.
Por seu turno, Joaquim Evangelista considerou "inqualificáveis" as declarações de Carlos Brás, acrescentando que as mesmas "não dignificam a classe dos dirigentes".
A situação precária dos jogadores da Ovarense levou o organismo sindical a accionar o fundo de solidariedade, destinado a pagar as despesas prioritárias dos profissionais.
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