sexta-feira, julho 28, 2006

Fundação do Carnaval de Ovar processada

Um dos grupos participantes no corso deste ano apresentou uma acção em tribunal contra a Fundação do Carnaval de Ovar, em contestação de acusação de que foi alvo, em carta enviada a todos os responsáveis dos 24 grupos e escolas de samba participantes: a de ter adoptado «comportamentos perturbadores», atrasando a saída dos corsos de domingo e terça-feira. O grupo, denominada Joanas-do-arco-da-velha, acabou por ser penalizado em cerca de 20 por cento do subsídio que a fundação lhe atribuíu, ou seja, em 1.031 euros, e agora os 58 elementos do grupo, todos do sexo feminino, reclamam a anulação do contrato e uma indemnização de cerca de oito mil euros, por danos morais.
«Fomos apanhadas de surpresa. Tivemos conhecimento da intenção da fundação através de uma carta. Em 54 anos de carnaval, nunca tinha havido este tipo de precedente, é uma situação inédita», adianta Laurentina Coutninho, delegada das «Joanas».
A responsável conta que o grupo se «sentiu enxovalhado»» e daí ter decidido avançar com a acção judicial. «Como é que um grupo que desfila em penúltimo lugar, num total de 24, pode atrasar um corso?», questiona.
Como as Joanas não têm personalidade jurídica, a acção foi movida pelos 58 elementos do grupo. O processo que deu entrada em tribunal e que já foi contestado pela fundação, destaca o currículo da formação carnavalesca: nove vitórias em 15 anos de vida: «Modéstia à parte, o nosso grupo trouxe um brilho aos grupos de passerelle, mudando a forma de actuar, de desfilar e de vestir», refere Ana Azevedo, outro elemento do grupo.
Este ano, ganharam o primeiro prémio na sua categoria, com uma homenagem à sétima arte. As 58 mulheres vestiram-se à anos 50. «O desfile deste ano correu mal e, portanto, a fundação tiveram que encontrar um bode expiatório», remata Ana Azevedo.
O presidente da Fundação do Carnaval de Ovar, José Américo, não quis comentar o caso. «Lamento e não faço mais declarações. O processo está em tribunal, a fundação vai defender-se e estamos já a pensar no Carnaval de 2007», disse.
(in «Público» de hoje)

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