Páscoa
Braga assiste esta quarta-feira ao cortejo
biblico da «Procissão da Burrinha»
Mais de um milhar de pessoas, entre figurantes e músicos de bandas filarmónicas participa quarta-feira à noite, em Braga, no cortejo bíblico "Vós sereis o meu povo", mais conhecido como "Procissão da Burrinha", que sai da paróquia de São Victor.
O presidente da Junta de Freguesia de S. Victor, Firmino Marques, disse à agência Lusa que a procissão integra mais de 750 figurantes, repartidos por 21 quadros bíblicos diferentes.
Um dos que tradição mais conservou até aos dias e hoje é o da fuga de Nossa Senhora para o Egipto, em cima de uma burra, que dá o nome à secular celebração bracarense.
A burra deste ano, esclareceu o padre José Carlos, pároco de S. Victor, veio de Vila Verde há já algum tempo, "para se poder fazer a necessária preparação do animal".
Organizado pela Paróquia e pela Junta de Freguesia de S.
Vítor, o cortejo reproduz a história do mistério pascal de Jesus que a Igreja celebra na Semana Santa.
Desde o chamamento de Abraão, passando pela época dos patriarcas, pela escravidão dos judeus no Egipto e pela gesta libertadora de Moisés (prefiguração de Cristo), até à infância de Jesus e à sua fuga para aquele país com José, e Maria montada numa burrinha, desfilam, em sucessão cronológica, figuras eminentes, símbolos e quadros bíblicos do Antigo Testamento.
Na paróquia de São Victor, que corresponde à maior freguesia da cidade e uma das maiores do norte do país, os elementos que integram a procissão - em cuja organização se trabalha todo o ano - apresentam um guarda-roupa renovado, confeccionado por dezenas de costureiras.
A azáfama é grande com a feitura de roupas e de adereços diversos e com o treino das
crianças que entram nos vários quadros.
O padre José Carlos sublinha que há outros centros pastorais a trabalhar para a «Procissão da Burrinha», nomeadamente na Quinta da Armada e em Montariol, que executam alguns quadros.
O evento envolve também as bandas musicais de Cabreiros e Calvos, pelotões dos Bombeiros Voluntários e da Cruz Vermelha, convidados e elementos da organização.
Participam igualmente o Grupo de Cantares Mulheres do Minho, o Orfeão de Braga - acompanhado pela Orquestra dos "Arautos do Evangelho" - e a Agrupación Coral Polifónica de A Guarda, na Galiza.
Os agrupamentos musicais, durante a passagem da procissão, executam temas de música sacra nos largos dos Congregados, dos Terceiros (igreja) e na Senhora-a-Branca.
No final do cortejo, os mais de mil colaboradores recebem, como sinal de reconhecimento, uma lembrança composta por centenas de quilos de doces de romaria.
Firmino Marques adiantou que "os figurantes pertencem à freguesia, que fazem questão em participar, independentemente da idade ou condição social".
"Todos querem, pelo menos uma vez na vida, participar na procissão, reservando, com antecedência, o seu lugar num dos quadros do evento, sublinha o autarca.
O autarca sustenta que a comunidade de S. Victor, "de forma apaixonada e voluntária", associa-se à procissão, participando no evento ou presenciando-o.
Serão também distribuídos 10 mil folhetos explicativos da "Procissão da Burrinha", antes da passagem do cortejo litúrgico.
A Semana Santa de Braga engloba cinco procissões: a dos Passos, no domingo de Ramos à tarde, a da Senhora da Burrinha, quarta- feira, a do Senhor Ecce Homo, quinta-feira à noite, a Procissão Teofórica do Enterro e a procissão do Enterro do Senhor, respectivamente na tarde e noite de sexta-feira Santa.
Ao todo são mais de 2400 figurantes, entre adultos, crianças, sacerdotes e leigos.
Nos últimos anos, a Comissão Organizadora tem-se debatido com falta de «anjinhos» para as procissões, sobretudo as da noite.
Entre os cortejos religiosos pascais, o mais extraordinário, pela sua beleza, movimento e singularidade, é a procissão do Senhor Ecce Homo, na qual os farricocos, que representam os penitentes públicos da Idade Média, levam os fogaréus acesos e agitam ruidosamente as matracas.
Os farricocos vão descalços, têm a cara tapada e trajam vestes rudes e negras.
A Arquidiocese de Braga tem, também, o privilégio de incluir na chamada «Liturgia bracarense» uma procissão única na Igreja Católica e no mundo, a Teofórica, na qual uma urna com hóstias sagradas percorre os claustros da Sé, simbolizando o corpo vivo de Jesus Cristo.
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