Conselho de Ministros autoriza zona desportiva

O Conselho de Ministros aprovou ontem o Decreto que exclui do regime florestal parcial uma área de 24 hectares, situada no município de Ovar, integrada no Perímetro Florestal das Dunas de Ovar, que se destina à construção de um complexo lúdico-desportivo e de comércio e serviços. A decisão vem dar resposta aos anseios da autarquia vareira que vê, desta forma, acender-se a luz verde para o início da construção do Sportsfórum, que ficará na EN 327, sensivelmente em frente às instalações da Yazaki Saltano.
A Câmara Municipal de Ovar, através de José Américo, estava visivelmente satisfeito com a notícia, mas preferiu não “embandeirar em arco”: «Vencemos apenas mais um obstáculo na prossecução de um objectivo muito importante para Ovar», disse. O autarca que tem a seu cargo a pasta das obras públicas e particulares, não aponta datas para o início da construção, da responsabilidade da Amorim Imobiliária. «Estamos concentrados no cumprimento de todos os procedimentos administrativos para que quando a obra se iniciar não haja recuos», explicou.
De uma assentada só, Ovar terá um centro comercial, mas, também, a ansiada sala de espectáculos, com 2.500 lugares sentados, que poderá ser palco de concertos de música, ópera, espectáculos de teatro, conferências e até circo. Ovar, recorde-se, só usufrui de uma única sala de espectáculos, o cine-teatro local que, apesar de elogiado em termos arquitectónicos, há muito que está seriamente degradado.
O plano é o resultado de um protocolo entre a Câmara e a Associação Desportiva Ovarense Basquetebol e a Associação Desportiva Ovarense (ADO) Futebol.
Para a construção do Sportsforum, segundo o protocolo, a Câmara cedeu os terrenos à ADO Basquetebol que, por sua vez, contratualizou com a empresa Amorim Imobiliária a cedência do espaço para a construção do centro comercial (22,3 mil m2), ficando esta responsável pela construção da arena multiusos (28,5 mil m2). A Câmara poderá utilizar a arena até oito vezes por ano para a realização de eventos vários. Além de que, conforme frisou José Américo, «este empreendimento vai criar 850 postos de trabalho directos». A Câmara Municipal não esqueceu, no projecto, os espaços verdes, prevendo-se a construção de percursos pedonais e de manutenção.
Ao mesmo tempo, a decisão governamental abre portas para a ADO Futebol construir, mesmo ao lado do Sportsforum, o ambicionado complexo desportivo, da autoria do arquitecto Tomás Taveira, que incluirá um estádio, campo de treinos, um auditório, uma clínica e até um posto de abastecimento de combustíveis.
Esta decisão pode constituir a “tábua de salvação” da ADO-Futebol, a braços com a maior crise financeira da sua história, mas José Américo esclareceu que essa situação ultrapassa o âmbito da autarquia, cuja função é apoiar as áreas de formação dos clubes. Todavia, sabe-se que é intenção da direcção do clube vareiro promover a construção imobiliária no espaço actualmente ocupado pelo antigo estádio Marques da Silva. Segundo declarações recentes do presidente do clube de futebol, Carlos Brás, quando o decreto fosse aprovado, a parceira económica da Ovarense, a construtora Abrantina, assinaria um protocolo com a edilidade e com o clube, procedendo à liquidação das dívidas. A empresa será a responsável pela construção das novas infra-estruturas desportivas do futebol e de um complexo imobiliário que o clube pretende erguer no actual estádio Marques da Silva, em Ovar.
José Américo preferiu não tecer grandes comentários sobre esta última possibilidade, «uma vez que o PDM está em revisão e passa por diversas entidades que não só a Câmara Municipal». No entanto, sustentou que é necessário que «a direcção e a construtora cumpram rigorosamente o que está na lei e o que vier a estipular o PDM».(in «Diário de Aveiro» de hoje)