quarta-feira, abril 09, 2008

O Palheiro Amarelo

Este palheiro de Esmoriz de tabuado vertical, está inventariado no Património Cultural de Ovar. Segundo a «Agenda Cultural de Ovar» deste mês, possui a designação “Palheiro Amarelo”, data da década de 70 do séc. XIX, não é conhecido o autor do projecto, e a tipologia classifica-o de “arquitectura civil residencial vernacular”.
«Construção em madeira, sobre estacaria, aberta e à vista, em que o travejamento do soalho assenta sobre três fortíssimas vigas paralelas que, por sua vez, pousam em grossos esteios ou pegões independentes, de pedra, os moirões, dispostos noutras tantas fileiras, permitindo a passagem das areias arrastadas pelo vento. Construção de planta rectangular simples, de um piso, apresenta varanda na fachada principal. A cobertura com telha “Marselha”, de duas águas. Interior composto por sala, cozinha, 6 quartos e casa de banho, com sanita, com ligação directa à fossa. As divisões têm ligação entre si por um corredor central. As paredes possuem forro interior que serve de caixa para as janelas tipo guilhotina. A pintura exterior, originalmente com tonalidade a amarelo ocre, era feita com um produto que resultava da mistura de “sili” (óleo de tripa de sardinha), secante, pigmentos e aguarráz. Revestimento exterior com madeira assente na vertical (o que implica a existência de “tarugos” horizontais de reforço entre os prumos).
Em finais do séc. XIX, este tipo de palheiro, no Inverno, permitiu na zona dos moirões abrigar as alfaias dos pescadores. Durante a época da safra e dos banhos servia de habitação temporária ou então era arrendado aos veraneantes (que surgem com a construção da via férrea) passando a requerer condições de habitabilidade. Com o sistema de moirão foi possível a deslocação deste imóvel em situações de eminente perigo (fortes ciclones, marés e consequentes movimentos de areia), através do sistema de alavanca, que levantava a estrutura, sendo a sua deslocação feita sobre grossos toros de madeira (a mesma técnica usada na alagem dos barcos), puxada por juntas de bois. Chegada ao local, a estrutura era montada sobre novos esteios.»

(Por lamentável esquecimento não fizémos menção ao Blog - excelente, aliás, do qual retirámos este post. É o «Levadias». As nossas desculpas e a nossa vénia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá, mas porque não fez aqui uma pequena referência ao meu "Levadias"? Saudações bloguísticas.