terça-feira, março 01, 2005

Menina queimada com "água"
está fora de perigo


Líquido que estava numa garrafa de água
aberta foi recolhido para análise


A menina de cinco anos que no sábado deu entrada no Hospital de Santos Silva (Gaia), com queimaduras de terceiro grau no esófago, garganta e estômago - depois de ter ingerido um líquido proveniente de uma garrafa de água já aberta -, foi ontem transferida para o Serviço de Pediatria do hospital de Vila Nova de Gaia. A criança está livre de perigo, mas o pai receia sequelas.
Por enquanto, a menina não está a ser medicada, por se desconhecer qual o produto ingerido. Os vários líquidos recolhidos pela GNR de Ovar no café de Arada onde aconteceu o acidente foram entregues às "entidades competentes", mas o capitão Manuel Afonso não revela qual a instituição que está a proceder às análises.
Carlos Alberto conta que a filha quis ir ao café comprar um ovo de chocolate, mas, como não havia, o gerente deu-lhe bolachas de chocolate. A menina teve sede e a empregada de limpeza foi ao frigorífico e serviu-a de uma garrafa de água já aberta. "Vi a minha filha a gritar e pensei que se tinha engasgado", recorda. A criança vomitou, mas como não havia sinais de melhoras, o pai levou-a ao Hospital de S. Sebastião, em Santa Maria da Feira, de onde foi transferida para Gaia.
A empregada do café, de 29 anos, que também provou o líquido por suspeitar que poderia ser bagaço, está internada no Hospital de S. Sebastião com queimaduras ligeiras na cavidade oral e no início do esófago. "A situação clínica não é grave", afirma o director clínico da estrutura hospitalar, João Gregório.
O gerente do café em Arada, Orlando Martinho, suspeita que a garrafa de água continha uma amostra de produto de limpeza, provavelmente um desengordurante. O responsável, que se encontra a explorar o estabelecimento há mês e meio, sustenta que o recipiente poderia estar no frigorífico antes do negócio passar para as suas mãos. Isto porque, garante, "nunca atendi um vendedor desses produtos", que normalmente deixam ficar amostras em garrafas.
Depois de ver a menina e a empregada aflitas, Orlando Martinho verteu um pouco do líquido de um copo para uma garrafa, que mandou entregar no hospital para análise. O conteúdo da garrafa em questão tinha sido entretanto vertido, por engano, por um seu empregado. O comerciante também provou, ao de leve, o líquido e diz que sentiu "a língua a picar". "Foi um acidente", resume.(«Público»)

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