População da Ribeira dividida
por causa do sino do relógio
A população do Lugar da Ribeira, em Ovar, está dividida por causa do sino do relógio da Capela de Santa Catarina. De um lado está a Comissão Zeladora e alguns moradores, que dizem que as badaladas não incomodam ninguém, do outro estão quase meia centena de moradores que promoveram um abaixo-assinado para "calar" o relógio durante a noite. No meio fica o pároco que tenta apaziguar os ânimos, mas não se livra de algumas acusações.
A autarquia já recebeu um grupo de moradores e reuniu com a Comissão Zeladora, tendo decidido mandar efectuar medições sonoras para avaliar uma eventual infracção à lei do ruído. No entanto, há alguns meses uma moradora mandou ela mesma efectuar uma medição a uma empresa especializada que conclui que as badaladas soavam alguns decibéis acima do máximo permitido por lei.
Maria Emília Valente mora escassos metros atrás da capela e é uma das contestatárias, alegando que não consegue dormir de noite. "Não estou contra o sino, estou a favor do meu sossego durante a noite; o que eu e outros moradores pretendemos é que ele seja silenciado durante a noite, nada mais", explica esta moradora que promoveu o abaixo-assinado que recolheu 48 assinaturas.
O problema, começou há cerca de um ano, diz, quando a Comissão Zeladora comprou um novo relógio que começou a tocar "estridentemente" todos os quartos de hora. Depois de algumas reclamações os responsáveis baixaram o volume, "mas logo a seguir subiram-no novamente", e puseram o relógio a assinalar sonoramente apenas as horas e meias horas. Os queixosos afirmam que o que existe é "falta de compreensão" e não compreendem "porque é que há necessidade de massacrar as pessoas durante a noite".
Já Maria do Carmo Vigário mora há 75 anos no largo da capela e garante que o sino "não incomoda ninguém". "Até faz jeito para nos levantarmos e sabermos as horas, mas agora está tão baixo que para me levantar tenho de pôr o despertador", afirma. Ao seu lado, António Farraia também tem a mesma opinião e diz que "os que estão contra o relógio nem sequer são do Lugar, mas sim pessoas que foram para ali viver há algum tempo".(«Comércio»)
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