O presidente da Junta de Freguesia de Cortegaça, Sérgio Vicente, solicitou uma reunião com carácter de urgência com o ICNF para discutir e minimizar o "impacto do abate de árvores que se tem verificado" e tentar obter a garantia de "reflorestação ordenada que permita, dentro de 40 anos, manter esta floresta".
A autarquia diz-se dispostas, "com esforço financeiro próprio, a aplicar verbas da exploração arbórea, nessa refloestação". Mas garante que "não temos capacidade para impedir a acção do ICNF", defendendo "que devia ter havido mais sensibilidade nesta operação".
Sérgio Vicente esclarece que "também somos contra o abate intensivo mas isso não nos dá a capacidade de o impedir". "É o ICNF que determina a gestão daquela área e foi tomada uma opção de resinagem à morte que implica o abate".
Trata-se, no entanto, de um abate com "alguma dimensão, é meio hectare quando Cortegaça tem 400 hectares de foresta. Tem um impacto visual muito forte". No entanto, recorda que "o mar já levou 80 hectares de floresta e as entidades ainda não se importarem com isso. Em 2014 havia pinheiros a cair no mar, entre Maceda a Cortegaça".
A luta da Junta de Freguesia de Cortegaça é pela reflrestação e "se não fizéssemos nada, os pinheiros iam secar e morrer e ficávam também sem nada". "Se o ICNF entende que é necessário o abate, então queremos saber é a solução para manter as caracterísitcas e identidade desta vila que sempre teve uma mancha verde muito elevada". O autarca diz confiar nos técnicos do ICNF porque "são eles que determinam as decisões finais que, neste caso, nos chocam, a nós que vivemos aqui".
"Há casos em que se fez o abate e a reflorestação natural foi eficaz mas, além dos pinheiro, verificamos que há muitas invasoras e não há uma floresta devidamente ordenada e, portanto, não é solução, entendemos nós. Estamos empenhados nmessa defesa", concluiu.
A associação ambientalista The Camarinha Project, que se dedica à preservação dessa espécie em risco de desaparecimento na costa de Ovar e outros territórios, diz que o destino a dar aos terrenos agora despojados continua por esclarecer.
“A informação que temos é que o abate das árvores foi aprovado no Plano de Gestão Florestal, com o acordo das autarquias e entidades oficiais. Os pinheiros estavam a ser resinados ‘à morte’ há cerca de quatro anos, findos os quais se prevê que sejam cortados. O rendimento da resinagem é a 100% para a autarquia e o da madeira é de 60% para a autarquia e 40% para o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas ”, adianta fonte da associação à Lusa.
A mesma estrutura já abordou o tema numa reunião da Assembleia de Freguesia de Cortegaça, questionando “em que é que estavam a programar gastar essa receita”, e a resposta na altura foi que uma parte da verba “seria reinvestida no pinhal”, mas para a associação não ficou claro, em termos concretos, “qual o plano de reflorestação e o destino do dinheiro”.
https://www.ovarnews.pt/?p=58822
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