terça-feira, março 17, 2009

A Procissão dos Passos há 100 anos
TEXTO (recolha): António Mendes Pinto

Há 100 anos atrás [1903], o semanário regenerador vareiro “A Discussão”, ao falar da Procissão dos Passos, não fazia qualquer referência a Nossa Senhora das Dores e ao Sermão do Encontro, o que confirma a informação do P.e Manuel Lírio (“Os Passos de Ovar”) de que nem sempre se fazia essa tocante cerimónia.
O citado semanário fala de “um verdadeiro dia de Primavera”, da Irmandade, que à Procissão “procurou dar, como efectivamente deu, a maior imponência e luzimento”, e dos “comboios tanto ascendentes como descendentes que vinham completamente apinhados de povo, que, espalhando-se pela Vila, dava a esta um “tic” desusado e festivo”.
Vale a pena recordar alguns pormenores do evento tal como o repórter os retratou: “findo o sermão do Pretório, saiu o préstito religioso da Matriz cerca das 4 horas da tarde, o qual, percorrendo o costumado itinerário com uma ordem e decência como já há muito não víamos, oferecia um aspecto verdadeiramente majestoso, ao deslizar, com magnificência, por entre duas alas compactas de povo.

À frente do préstito, cuja direcção era confiada a José Marques e Drs. Pedro Chaves, Cunha e Lopes, seguia o alçado e o estandarte, às guias do qual pegavam os nossos amigos Drs. Sobreira e Descalço, e Revs. Sanfins e Gomes Pinto, e, após o andor com a magnífica e rica imagem do Senhor dos Passos, empunhava a vara de juiz o Rev.º, Pároco Dr. Alberto de Oliveira e Cunha, trajado com as suas vestes de capelão-fidalgo da Casa Real.
Sob o pálio, o Rev.º Francisco de Oliveira Baptista conduzia a santa relíquia, seguindo no couce da Procissão a Banda Marcial Ovarense que, durante o trajecto, tocou mimosas marchas fúnebres.
Fechava o préstito uma força de Infantaria 24, sob o comando de um alferes.
A Procissão recolheu já depois das 6 horas, sendo pregado em seguida o sermão no Calvário.
O orador, o Rev.º Alberto Cid, a quem estavam confiados os sermões, proferiu dois excelentes discursos.
As diferentes Capelas dos Passos conservaram-se expostas, durante o dia, à veneração dos fiéis, ornamentadas com elegância.”

Artigo publicado no quinzenário ovarense
JOÃO SEMANA (1 de Abril de 2003)

1 comentário:

Fernando Pinto disse...

Caro colega, agradecemos a atenção que nos tem dado ao publicar alguns dos artigos do jornal "João Semana". Obrigado!

Abraço