quinta-feira, agosto 30, 2007

Basquetebol: Europeu 2007
Um arranque avassalador e dois triunfos
com «alma» embalaram o sonho


Um arranque avassalador, seguido de dois triunfos fora com enorme “alma”, foram a chave do há muito sonhado apuramento da selecção portuguesa de basquetebol para a fase final de um Europeu (03 a 16 de Setembro, em Espanha).
Claramente a equipa mais frágil do grupo B, Portugal começou em “grande” (108-90 à Macedónia), passou a sonhar com o triunfo na Bósnia-Herzegovina (80-78) e realmente a acreditar quando somou o terceiro sucesso consecutivo (67-61 a Israel, em Sófia).
Depois, tudo se complicou, com os desaires no reduto dos macedónios (63-83) e na recepção aos bósnios (75-86), mas o sonho acabou mesmo por se materializar, com um triunfo a fechar sobre Israel (69-49), acompanhado por uma derrota da Macedónia em Sarajevo (72-75), seguida, com dramatismo, via net, no Pavilhão de Lordelo.
Aparentemente sem mais, nem menos, pretensões que em qualificações anteriores, o “cinco” luso entrou de forma magistral, ao bater em Trancoso, a 31 de Agosto de 2006, a Macedónia pela primeira vez, por 108-90, num jogo em que até nem entrou bem.
Depois do nervosismo inicial (18-26, aos 10 minutos), Portugal arrancou, no entanto, para uma grande exibição: passou ao intervalo já a vencer por cinco pontos (45-40), terminou o terceiro a liderar por 11 (77-66) e acabou por vencer por expressivos 18.
«Os jogadores merecem muito esta vitória», afirmou o seleccionador luso, o ucraniano Valentyn Melnychuk, no final do encontro, salientando a “alegria e a vontade” como que os basquetebolistas trabalharam na preparação para a qualificação.
Foi um começo excelente, mas o sonho do apuramento apenas começou a ganhar forma três dias depois, quando a formação das «quinas» venceu em Sarajevo, face à Bósnia-Herzegovina (80-78), isolando-se, desde logo, na liderança do grupo.
Portugal começou bem (15-5) e virou à frente (39-33), mas, a dois minutos do final perdia por 74-68, altura em que começou a “desenhar” o grande feito, com uma fabuloso parcial de 12-1 (sete pontos de Carlos Andrade e cinco de Paulo Simão), que colocou a equipa lusa a vencer por 80-75, a 12 segundos do fim.
«Nunca tínhamos ganho à Macedónia e à Bósnia. Somos os primeiros do grupo, mais ainda só ganhámos dois jogos», disse o seleccionar luso, frisando: «estamos num grupo complicadíssimo e temos de pensar jogo a jogo, agora em Israel, um equipa cheia de estrelas».
Devido a mais um episódio do conflito com os palestinianos, Israel teve de ser anfitriã em Sófia, capital da Bulgária, onde o sonho começou a virar realidade para a equipa lusa, depois de mais um final de encontro sensacional (parcial de 7-0).
Os israelitas venciam por 61-60 a 1.28 minutos do final, mas, com um “triplo”, João Santos virou par 63-61, com 41 segundos para jogar, e, depois, Minhava, com dois lances livres, e Miguel Miranda, com dois pontos, após roubo de bola, sentenciaram (67-61), a nove.
«Já tínhamos vencido Israel, mas não deixa de ser um resultado histórico. Com muita união, sofrimento e amizade, voltámos a vencer, mas ainda faltam três jogos», disse Melnychuk, depois da equipa lusa completar a primeira volta do grupo B 100 por cento vitoriosa.
Seguiu-se a última deslocação, à Macedónia, onde Portugal chegou a liderar em plena segunda parte, mas caiu abruptamente na parte final, na qual, e na ânsia de ainda ganhar, acabou por perder por 20 pontos (63-83) - depois de ter ganho em casa por 18.
Temos de continuar a lutar. Nada está perdido, tudo depende de nós», frisou o seleccionador luso, lamentando, porém, os números da derrota, que custaram a perda da liderança no grupo: «ainda queríamos ganhar e foi por isso que acabámos por perder por mais de 18 pontos».
Tendo em conta que, além do vencedor do grupo, seguiam para a fase final os dois melhores segundos colocados dos quatro agrupamentos, Portugal continuou a depender apenas de si próprio, mas o cenário alterou-se no regresso a solo luso.
Em Paços de Ferreira, a 13 de Setembro, face aos bósnios, Portugal comprometeu o triunfo logo no início, quando sofreu um parcial de 17-0 entre o primeiro e o segundo períodos, ficando, prematuramente a perder por 22 pontos (15-37).
«Digo mais uma vez: falta-nos experiência internacional e isso notou-se. Ficámos numa situação complicada e não conseguimos sair dela», reconheceu Melnychuk, após o desaire por 75-86, deixando porém em aberto o sonho: «podemos ganhar o último jogo e, se a Macedónia perder (na Bósnia), poderá apareceu uma luz ao fundo do túnel».
A situação era essa: Portugal precisava de vencer Israel, três dias depois, em Lordelo, e esperar que, mais ou menos à mesma hora, a Bósnia-Herzegovina batesse em casa os macedónios.
E, 56 anos depois de um convite para estar na fase final, a equipa lusa fez mesmo história, ao conseguir a qualificação, face a um triunfo claro sobre Israel por 69-49 e à preciosa ajuda dos bósnios, que, num jogo dramático, venceram a Macedónia por 75-72.
Depois de um jogo marcado pela grande exibição de Elvis Évora, que marcou os 13 “tiros” de campo tentados, para um total de 27 pontos, mais nove ressaltos e cinco roubos de bola, e por parcial de 20-0 num espaço de 9.38 minutos, a “festa” rebentou em Paredes.
«Foi um grande triunfo do basquetebol português», clamou o técnico ucraniano, dando voz ao sentimento geral de enorme satisfação entre toda a comitiva lusa, eufórica por ter conseguido um feito que se tinha desenhado de início, mas já não parecia possível...



- Fase de qualificação (grupo B):
Primeira jornada (31 de Agosto)
Israel - Bósnia-Herzegovina, 88-81
PORTUGAL - Macedónia, 108-90

Segunda jornada (03 de Setembro)
Bósnia-Herzegovina - PORTUGAL, 78-80
Macedónia - Israel, 90-87

Terceira jornada (06 de Setembro)
Macedónia - Bósnia-Herzegovina, 81-77
Israel - PORTUGAL, 61-67

Quarta jornada (09 de Setembro)
Bósnia-Herzegovina - Israel, 85-63
Macedónia - PORTUGAL, 83-63

Quinta jornada (13 de Setembro)
PORTUGAL - Bósnia-Herzegovina, 75-86
Israel - Macedónia, 83-70

Sexta jornada (16 de Setembro)
PORTUGAL - Israel, 69-49
Bósnia-Herzegovina - Macedónia, 75-72

Classificação: J V D PM-PS P
1. PORTUGAL 6 4 2 462-447 10
------------------------------------------------------
2. Macedónia 6 3 3 486-493 9
3. Bósnia-Herzegovina 6 3 3 482-459 9
4. Israel 6 2 4 431-462 8

- Os 12 “heróis” do apuramento:
J MIN. ASS. REB. PONTOS
Paulo Cunha 6 159 0,7 8,0 12,5
Francisco Jordão 6 149 1,0 3,3 12,0
Elvis Évora 6 147 1,2 6,5 10,5
João Santos 6 161 1,0 2,8 10,3
Carlos Andrade 6 132 1,8 3,7 9,5
Miguel Minhava 6 124 3,2 2,7 9,5
Paulo Simão 4 46 0,8 1,0 5,5
Miguel Miranda 6 152 1,5 3,3 5,0
Filipe da Silva 6 106 3,2 2,7 3,2
Jorge Coelho 3 15 0,0 1,0 1,7
Rui Mota 1 1 0,0 0,0 0,0
José Costa 3 9 0,0 0,3 0,0

(A negrito jogadores do plantel da Ovarense Aerosoles convocados para a selecção)

1 comentário:

Anónimo disse...

fantástico

fã varino