quinta-feira, junho 02, 2005

Fraca adesão à greve da Yazaki Saltano
"explicada" por intimidação a operários


O Sindicato das Industrias Eléctricas do Centro (SIEC) acusa a administração da Yazaki Saltano em Ovar de ter intimidado os trabalhadores para não aderirem à greve de 24 hora convocada para ontem. Esta explicação foi avançada ontem pelo SIEC para justificar a fraca adesão à greve que, dizem os sindicalistas, terá rondado cinquenta por cento. A administração da empresa não avança com números, mas garante que a produção não foi afectada. Bernardino Soares, eudeputado eleito pela CDU, e Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda, associaram-se ao protesto.
À porta da empresa estavam concentrados pouco mais de cem dos 1.500 trabalhadores. "Por duas vezes a empresa considerou injustificadas as faltas dos trabalhadores por considerar ilegal os plenários em que participaram", sustentou Américo Rodrigues, coordenador do SIEC em Ovar. O sindicalista acrescenta que muitos dos trabalhadores optaram por não participar na manifestação à porta da empresa, "mas aderiram à greve".
No momento em que a administração da multinacional nipónica e Governo mantêm negociações, o SIEC afirma que esta greve se justifica "porque a empresa continua a o processo de deslocalização, apesar de dizer que ele está suspenso". "A empresa está a mentir, porque continua com este processo, aliás penso que ele nunca esteve parado", afirma o sindicalista, explicando que "as coisas continuam a ser embaladas, e até temos documentos que o comprovam", por isso não tem qualquer dúvida em dizer que se está a assistir a "uma farsa para ganhar algum tempo".
Segundo Américo Rodrigues, anteontem, a empresa transferiu para a unidade de Serezedo, Gaia, mais uma linha de produção, que terá destino final a Turquia. Num "e-mail" que os trabalhadores tiveram acesso, podia ler-se que era pedido às chefias que terminassem uma encomenda antes da transferência de uma das linhas. O SIEC alerta que a verificar-se a eliminação de meio milhar de postos de trabalho, na Yazaki, já este Verão, vai ser "devastador", lembrando que a estes trabalhadores se devem juntar outros 250 das empresas do Parque Industrial da Philips e da Universal Motors, que deverá conhecer a sua "sentença", na Assembleia de Credores do próximo dia 16.(«Comércio»)

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