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
A 24.ª edição do Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira vai decorrer de 22 a 25 de maio e apresentará 43 espetáculos em 15 palcos, para uma reflexão coletiva sobre o Progresso.
Com apenas uma proposta de entrada paga, o evento organizado pela referida autarquia do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto recorre a um investimento de meio milhão de euros para levar a diversas salas e espaços públicos da cidade um total de 120 horas de programação, distribuídas por 43 ‘performances’ e instalações, a cargo de 43 companhias de 17 países.
O local escolhido para a conferência de imprensa de apresentação do cartaz de 2025 foi uma lavandaria automática e Amadeu Albergaria, presidente da Câmara da Feira, justificou a opção por esse espaço: “Temos nisto um aspeto da vida moderna que representa uma certa solidão. Vamos à lavandaria quando estamos sozinhos e depois encontramos lá outras pessoas. Talvez o Progresso tenha caminhado para esta nova forma de solidão, tal como antes se ia solitariamente aos lavadouros públicos e depois eles se tornavam um ponto de encontro”.
O autarca defende que esse “sítio inusitado” combina assim com a grande missão do festival, que é a de levar a arte ao espaço público e incentivar a população a “redescobrir a cidade”, ela própria “feita de operários irredutíveis da cultura”.
O vereador Gil Ferreira realçou que esse esforço tem implicado planeamento de longo prazo, como se verifica no ciclo de programação que agora encerra: após uma edição dedicada ao Sonho e outra à Liberdade, este ano questionar-se-á o Progresso em tudo o que essa evolução implica de “contemplação, crítica e esperança”.
As propostas selecionadas para o certame vão, portanto, refletir sobre “o Progresso enquanto bem maior da Humanidade – enquanto património de uma Humanidade que se deve construir ancorada nos valores da Paz, como sonho coletivo”.
Com 25 estreias nacionais e 11 absolutas, entre as quais nove encomendas (o que representa o triplo do ano passado), o 24.º Imaginarius vai repartir-se por um total de 15 palcos e, nesse contexto, destaca-se o regresso do espetáculo de encerramento à praça do tribunal. Será esse espaço a receber “Le grand mire / A grande mira”, em que a companhia francesa Deus Ex Machina combina teatro com trapézios fixos, dança pendular, números aéreos sobre tecido e ‘videomapping’ numa esfera insuflável de 200 quilos, elevada a 15 metros de altura.
Quanto às restantes localizações do festival, ele continuará a passar por cinco salas fechadas, para minimizar o risco de cancelamentos devido a chuva, mas alarga-se a novas moradas, como o renovado Mercado Municipal, a escadaria nas traseiras das Piscinas da Feira e os degraus de acesso à Igreja da Misericórdia.
Da lista de produções a gerar mais expectativa, a gestora do projeto Imaginarius, Telma Luís, salienta “Phloeum /Floema”, que é uma das nove produções próprias do festival e resulta de uma chamada internacional na categoria de circo contemporâneo, a propósito da classificação de Santa Maria da Feira como Cidade Criativa da UNESCO. O espetáculo foi desenvolvido pelo coletivo finlandês Lumo Company e consiste numa experiência imersiva com gastronomia, arte culinária e movimento, “nos limites entre corpo, som e natureza”.
Outras propostas do Imaginarius de 2025 são “Anti-Nódoas”, em que a companhia portuguesa Mnemos usa o humor como ferramenta de crítica social na análise de “temas profundos como a condição feminina”; “Virtual Reality /Realidade Virtual”, em que o quarteto de mimos ucranianos Dekru explora a influência dos meios digitais na vida contemporânea; e “The Grannies / As Avós”, em que a dupla suíço-irlandesa Bill and Fred Productions mostra como duas seniores já lentas de movimentos podem ser “jovens de espírito, cheias de atrevimento”.
Telma Luís destaca que o programa de 2025 inclui ainda uma “instalação-intervenção” sob o título “Home/Land”, em que a companhia franco-americana Begat Theatre joga com o sentido das palavras inglesas “Homeland” / “Terra natal”, “Home” / “Lar” e “Land” / “Terra” para levar atores e espectadores a descobrirem e comentarem “testemunhos de exílio, origens, alteridade e raízes arrancadas ou reencontradas”. https://www.ovarnews.pt/imaginarius-vai-questionar-o-progresso-com-43-espetaculos-em-15-palcos/
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