Em contagem decrescente para a 23ª edição do Imaginarius – Festival internacional de Teatro de Rua, que ocupa o centro histórico de Santa Maria da Feira entre 23 e 26 de maio, artistas feirenses ultimam as suas criações, que serão apresentadas em estreia no festival. Também a comunidade foi chamada a participar em três performances de companhias internacionais, que começam agora a criar em residência no território para integrar a programação principal e a competição internacional Mais Imaginarius.
Dos 41 espetáculos que compõem a programação desta edição, dois nascem das propostas vencedoras da CACL – Chamada de Apoio à Criação Local. A performance “Tenho o teu nariz”, do artista feirense Fábio Araújo, é uma intervenção artística multidisciplinar que combina teatro, música, percussão, pintura e ilustração, onde não há respostas concretas, mas reflexão e questionamento em torno de temáticas prementes que tocam os jovens. O nariz é apresentado como metáfora de múltiplas histórias que exploram desafios contemporâneos, como democracia e liberdade, manifestação e protesto. O espetáculo estreia no primeiro dia do festival, 23 de maio, às 21h00, num percurso itinerante entre a Praça da República e o Largo do Tribunal.
Às 22h00, estreia a criação “Pudesse eu não ter laços nem limites”, dos jovens feirenses Joana Gomes e Xavier Ramalhosa. Uma ode à liberdade, inspirada no universo literário de Sophia de Mello Breyner Andresen, materializada numa performance que cruza teatro e videomapping e remete para obras notáveis como “O Rapaz de Bronze” e “A Menina do Mar”. No rosto dos dois intérpretes, o desejo íntimo de dois amigos não perderem aquilo que outrora encontraram, numa alusão direta ou subtil a um país que anseia pela liberdade na idade adulta da democracia.
Músicos e bailarinos do território também foram chamados a participar na nova performance do coletivo italiano Rusty Brass Band, vencedor da competição internacional Mais Imaginarius em 2023 e que agora regressa para uma nova criação em residência. “Poetic roads: beyond borders” não é apenas um espetáculo musical, é uma visita urbana guiada pela música, feita de interação com as pessoas e com o espaço público num animado percurso por ruas e praças do centro histórico da cidade, que promete surpreender em contextos inusitados. A performance abre a programação do festival, dia 23 de maio, às 19h45, desde a Igreja Matriz até à Igreja da Misericórdia.
Mulheres de Santa Maria da Feira e de municípios vizinhos, desde Gaia a Aveiro, participam na criação “De femme à femmes”, da franco-americana Léa Dant, que estreia a 24 de maio, às 18h30, na Praça da República. Numa encruzilhada entre o poético e o político, intérpretes de diferentes idades carregam o símbolo da irmandade, solidariedade, empoderamento e sensibilidade no feminino. Uma performance coletiva criada em residência e apresentada em frente à Câmara Municipal, símbolo máximo do poder concelhio, exercido maioritariamente no masculino.
Resultado de uma criação em residência com a participação de voluntários locais, nasce também a instalação performativa Party City Pate Maria da Feira, da companhia espanhola Invalid Adress, que propõe uma experiência imersiva, onde os estímulos chegam em paralelo de todos os lados: do coração, dos sentidos, das memórias, dos desejos, das emoções. Um espaço de experimentação, reflexão e diálogo em torno da história, costumes e tradições de Santa Maria da Feira.
Sob o signo da Liberdade, a programação desta edição mantém-se fiel às grandes produções e ao clássico teatro de rua, clown, circo e performance, mas reforça a oferta no domínio das media arts, projetos experimentais, dança, música, circo contemporâneo e instalações, robustecendo a vertente do apoio à criação local e posterior circulação por festivais congéneres, através de parcerias sólidas com a Fundação de Serralves, Fundação Inatel e festival Mundo ao Contrário de Paredes de Coura.
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