Presidenciais:
Interrupção de Alegre por Sócrates
foi "coincidência"
O discurso de Manuel Alegre na noite das eleições foi "interrompido involuntariamente" pela conferência de imprensa de José Sócrates, por desconhecer que o candidato presidencial estaria a falar, explicou hoje o porta-voz do PS.
Vitalino Canas garantiu que nunca foi intenção do primeiro-ministro interromper o discurso de Manuel Alegre que, pouco depois de ter começado a falar, foi retirado da emissão das televisões, que fizeram "directos" da intervenção de José Sócrates na sede do PS.
"Não havia qualquer intenção de interromper as declarações de Manuel Alegre, que tínhamos toda a curiosidade e interesse em ouvir", afirmou Vitalino Canas, garantindo que dezenas de pessoas podem confirmar que foi apenas uma "coincidência" que tirou Alegre do ar.
Vitalino Canas descreveu todos os passos dados pelo Secretariado Nacional dos socialistas na noite eleitoral e garantiu que se tratou de uma "coincidência" que pode ser "confirmada pelas 30 ou 40 pessoas que estavam com José Sócrates".
O Secretariado Nacional estava reunido na sede do PS, no Largo do Rato, em Lisboa, quando foi informado que o candidato presidencial do partido, Mário Soares, iria discursar no Hotel Altis por volta das 21:30.
"Decidiu-se interromper a reunião para ouvir as declarações de Mário Soares", tendo os elementos do secretariado abandonado a sede para se dirigirem ao Hotel Altis, recordou Vitalino Canas.
De regresso ao Largo do Rato, os jornalistas foram avisados que o secretário-geral iria então dar a conferência de imprensa, que "já estava previamente agendada para se realizar logo após as declarações de Mário Soares", lembrou.
No entanto, a entrada de José Sócrates na sala de imprensa acabou por ser adiada alguns minutos, quando a direcção socialista se apercebeu que o líder do PSD, Marques Mendes, estaria também a falar.
Quando Marques Mendes terminou de discursar, o Secretariado Nacional do PS abandonou a sala de reuniões e dirigiu-se para a sala de imprensa.
Foi durante o percurso dos "dois ou três corredores" que separam as duas salas da sede do PS que Manuel Alegre começou a discursar sem que nenhum responsável se tivesse apercebido.
"Entre a decisão de discursar e a deslocação até à sala decorreram quatro ou cinco minutos durante os quais nem nós nem os assessores estiveram atentos às televisões", recordou Vitalino Canas.
"Não estávamos informados que Manuel Alegre ia falar", afirmou o porta-voz do PS.
Em declarações à Lusa, Vitalino Canas acrescenta ainda que o próprio discurso de José Sócrates prova não haver qualquer má vontade por parte do PS em relação a Manuel Alegre.
Logo na noite eleitoral, Helena Roseta, apoiante de Manuel Alegre, protestou contra a interrupção do discurso do dirigente do PS, classificando o incidente de "um ataque à liberdade e à democracia".
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