«Olha a bela sardiiiinha! Quem quer, quem quer... Ó freguesa, quem é que me acaba o resto?». O pregão ecoa numa cantada, quase de fadista, com a alma e as vestes de uma Lisboa antiga.
Dona Celeste, «nascida, criada e casada no bairro da Madragoa», é figura de proa, quase um emblema desta zona tão típica e popular da cidade. Aos 74 anos, ainda comunica com os trejeitos e a linguagem castiça dos tempos em que foi varina, com a canastra na cabeça a anunciar o pescado fresco que trazia da lota.
Conhecemo-la durante a visita guiada 'Do Museu ao Bairro da Madragoa', projecto da Junta de Freguesia de Santos-o-Velho, em parceria com outras entidades, que promete desvendar os segredos de uma Madragoa quinhentista, com encenação de alguns moradores do bairro e de um dos elementos da autarquia, Celso Antão.
Dona Celeste encarna o espírito de outros tempos não muito distantes, sempre que as visitas acontecem (último sábado de cada mês) por este bairro que diz ser muito seu. Não precisa de decorar o guião ou criar uma personagem.
Afinal, «ela, tal como os outros moradores, desempenham o papel da sua vida», revela Celso Antão. «Andei na [mercado da] Ribeira e na Doca Pesca até quase aos 70 anos na descarga do peixe. Fui varina até ser velha», remata Celeste, vestida a rigor, com a canastra à cabeça, onde se vêem peixes de trapos e lantejoulas prateadas.(Ler mais in «Sol»)
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