sábado, março 16, 2024

Bandas de rock - Xutos & Pontapés, Whitesnake, Bob Marley -, marcas de motas: Harley Davidson, Indian e depois há as caveiras. Vêm de todo o lado bater à porta do "Cramalheira", o homem que domina o cabedal (ou o couro).

Já esteve instalado em Ovar mas agora mudou-se para Válega, na rua do Seixo, mesmo na fronteira com Avanca.

Ele é um artesão que pega no cabedal bruto e o transforma em peças gravadas, ou seja, faz arte em pele. Seja como for, "o sonho comanda a vida" é a máxima de António Silva, o Cramalheira. "Se sonhou, eu faço", garante.

O apelido ganhou-o nos pára-quedistas, a outra paixão, "porque me ria bastante" enquanto estive no RI10 de S. Jacinto.

Embora faça porta-chaves, cintos e pequenas bolsas que podem ter interesse para qualquer pessoa, a verdade é que se tornou o artesão oficial dos Motards, já que é aos amantes das duas rodas de alta cilindrada que o seu trabalho mais apela.

"Comecei quando comprei a minha moto e quis imprimir-lhe o meu estilo. Procurei em todo lado e não encontrei quem o fizesse - hoje já há uma pessoa, no sul, mas naquela altura não havia e fiz eu. A partir daí nunca mais parei".

Os Motards são o seu principal mercado na procura de decorar assentos, malas e alforges para motas, mas também capacetes ou punhos, tudo feito de forma artesanal, 100 por cento em pele e totalmente personalizado, uma vez que a decoração das peças é feita de acordo com a ideia e gosto do cliente.

E não demorou que a Europa reparasse nele e os pedidos chegam da Suíça, Itália, Bélgica, Alemanha. “Há peças que levam dias a executar, em exclusivo de manhã à noite”, refere.

Ele próprio é admirador (e utilizador) da Harley Davidson, a chopper, e portanto, reconhece integrar-se numa "tribo" muito especial, muito unida e, ao contrário do que se pensa, muito respeitadora, e também "muito vaidosa".

E se gostam de usar roupas e acessórios personalizados encontram o que procuram no pequeno atelier de Válega cuja fama já vai longe.

Não esconde que as redes sociais deram um bom impulso, mas também ajudam as concentrações e feiras por onde este artesão vareiro passa - vai estar no Ericeira Kustom Fest, em junho próximo.

“Gosto muito do contacto com o público, de mostrar o meu trabalho e acabo sempre por trazer encomendas para os próximos meses".

É tudo feito em pele natural de vaca, o material ideal para ser moldado e talhado com detalhe: cortar, moldar, desenhar, gravar, talhar e depois pintar, impermeabilizar, lustrar...

 e de paciência, "Cramalheira" diz que não se vê a fazer mais nada na vida.
https://www.ovarnews.pt/do-duro-couro-a-arte-pura/

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