quarta-feira, setembro 14, 2005

Multinacionais ignoram
incentivos para ficarem


Os incentivos oferecidos pelos ministérios do Trabalho e da Economia em complexas negociações para tentar demover multinacionais a despedir pessoal e deslocalizar a sua produção para o estrangeiro não estão, até agora, a resultar. Mesmo se em alguns desses casos as empresas foram beneficiárias de apoios públicos para a sua instalação, como aconteceu com a multinacional de cablagens para automóveis, Yazaki.
"Estamos a oferecer incentivos, como capital de risco e apoios à contratação, para tentar evitar o despedimento de cerca de três mil trabalhadores na Yasaki, mas a empresa continua a dar sinais de que pretende avançar com a deslocalização", disse ao «DN» o presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), Francisco Madelino. Só na unidade de Ovar, a empresa anunciou o despedimento de 500 trabalhadores. Noutras unidades, o processo está em aberto.
A intenção da multinacional japonesa Yazaki Saltano deslocalizar a produção para fora de Portugal foi várias vezes badalada nos media nacionais, antes de se concretizar oficialmente no primeiro trimestre deste ano.
A unidade de Ovar daquela empresa, onde se fabricam cablagens para automóveis, vai ser deslocalizada para a Turquia e Eslováquia, lançando perto de 500 trabalhadores no desemprego.
A decisão, inatacável do ponto de vista empresarial, tem no entanto um senão entre 1988 e 1999, o grupo terá recebido 1,47 milhões de euros através de vários programas de investimento público, sendo que os terrenos foram-lhe cedidos por um preço meramente simbólico. Ajudas que não comoveram a multinacional.
A decisão da norte-americana Lear Corporation colheu os trabalhadores de surpresa. A empresa anunciou em Junho que iria encerrar a unidade da Póvoa do Lanhoso, em Braga, para deslocalizar a produção para a Roménia. Uma decisão justificada pela "perda de competitividade" da unidade. Resultado 800 postos de trabalho desaparecem.
A multinacional iniciou as rescisões dos contratos de trabalho em Julho, pretendendo encerrar as negociações em Novembro. Numa carta dirigida aos funcionários, a companhia disponibilizou-se para pagar indemnizações "50% acima do valor legal", desde que seja assegurada produção até Novembro. Para os trabalhadores, no entanto, haverá vida depois de Novembro.

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