domingo, fevereiro 05, 2023

Estudo relaciona desenvolvimento sustentável dos municípios e fundos europeus
Uma investigação da Universidade Aveiro (UA) partiu de 55 indicadores para avaliar a variação do desenvolvimento sustentável dos territórios em Portugal, entre 2014 e 2020, na sequência do investimento apoiado por fundos europeus. A partir destes indicadores foi construído um Índice de Desenvolvimento

Sustentável Dinâmico (IDSD) confrontado com cofinanciamento municipal per capita, proveniente dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI).

Os FEEI incluem: o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER),

direcionado para o desenvolvimento equilibrado das regiões, o Fundo de Coesão, (FC),

para sectores de transporte e ambiente, o Fundo Social Europeu (FSE), tendente à

criação e qualificação de empregos, o Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento

Rural (FEADER), procurando o desenvolvimento rural, e o Fundo Europeu Marítimo e

das Pescas (FEAMP), dirigido aos sectores marítimo e pesqueiro.

Os FEEI operacionalizam-se através de programas plurianuais de 7 anos. Importa, ainda ter em

conta que a distribuição das verbas no território cumpre determinados critérios de

desenvolvimento: nas regiões menos desenvolvidas (Centro, Alentejo e R A Açores) a

taxa de cofinanciamento cobre até 85%; nas regiões em transição (caso do Algarve) o

cofinanciamento máximo vai até 80%; nas regiões mais desenvolvidas (Área

Metropolitana de Lisboa e Região Autónoma da Madeira) os fundos representam até

50% dos investimentos totais.

“De forma genérica, a análise estatística não encontra um alinhamento significativo

entre o cofinanciamento FEEI per capita e a variação do desenvolvimento sustentável”,

explica o coordenador do estudo, Sérgio Barreto, professor do Instituto Superior de

Contabilidade e Administração da UA. No entanto, acrescenta: “Uma análise mais

aprofundada desenvolvida neste projeto permitiu identificar o posicionamento de cada

município/região, realçar as melhores práticas e apontar o caminho para as alcançar”,

questões ainda mais relevantes, dado que se inicia um novo período de investimentos

apoiados por fundos europeus.

Entre 2007 e 2020 a União Europeia comparticipou projetos em Portugal no valor de 33

mil milhões de euros, verbas consideráveis sabendo que o Produto Interno Bruto (PIB)

em 2020 foi de cerca de 200 mil milhões. Assim, o estudo procurou avaliar o impacto

destes investimentos na vida das pessoas e dos ecossistemas, com base nos 17

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) aprovados (em 2015) no âmbito da

Agenda 2030 da ONU e distribuídos por quatro dimensões: ambiental, social,

económica e institucional. Com base nestes ODS, foram selecionados 55 indicadores,

entre 2014 e 2020 e, a partir daí, construído um Índice de Desenvolvimento Sustentável

Dinâmico (IDSD) confrontado com cofinanciamento municipal per capita, proveniente

dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI).

Foi considerado o financiamento entre 2007 e 2020 (QREN + Portugal2020) e o

desenvolvimento sustentável entre 2014 e 2020. Em matéria de financiamento, optou-se por

incluir o quadro comunitário anterior na esperança de que o investimento mais antigo

pudesse ter efeitos no desenvolvimento medido nos anos mais recentes.

Os que mais se desenvolveram

Destacam-se Cinfães, Baião, Castro Marim e Vila Nova de Paiva que, com um

cofinanciamento FEEI per capita baixo, avançaram muito em termos de desenvolvimento.

Nos Açores encontram-se alguns dos municípios que mais obtiveram FEEI per capita. Uns

com bons resultados, como é o caso de Santa Cruz ou Lages (Flores), outros nem tanto,

como São Roque do Pico ou Vila do Porto (Santa Maria).

Alguns municípios da Região de Lisboa, apresentam baixo cofinanciamento per capita, mas

igualmente baixo desempenho no Desenvolvimento Sustentável. A Figura 1 ilustra o

panorama do distrito de Aveiro. Sobressaem os municípios da Murtosa, Anadia e Ovar com

elevado desempenho do desenvolvimento dos seus territórios, embora com reduzido

financiamento FEEI. No lado oposto, o município de Aveiro foi o que mais se cofinanciou,

mas alcançou o menor desempenho do desenvolvimento sustentável do distrito.

Os mais eficientes

Foi avaliada ainda a eficiência dos municípios (Figura 2) na utilização dos recursos humanos

e económicos, considerando a população de cada município e o cofinanciamento FEEI per

capita como recursos (inputs) e o IDSD como output.

A Madeira apresenta um panorama misto, com elevada eficiência em Porto Moniz e São

Vicente e baixa nos restantes municípios. Nos Açores predominam os municípios com baixa

eficiência. No Continente, é a Sul e na região de Lisboa que se encontram os municípios

mais eficientes. São de destacar vários municípios do Sotavento Algarvio com eficiência na

casa dos 80%.

Este estudo/projeto intitula-se “Impacto e Eficiência dos Fundos Europeus Estruturais e de

Investimento (FEEI) no Desenvolvimento Sustentável das Regiões em Portugal” e foi

financiado pelo FEDER, no âmbito do POAT 2020. Na equipa participaram: Alexandra

Polido, Daniel Colares, Gilberto Fernandes, Hugo Almeida, Mariana Madeira, Rita Santos,

Sara Moreno Pires e Sérgio Barreto (Coordenador).
https://www.ovarnews.pt/estudo-relaciona-desenvolvimento-sustentavel-dos-municipios-e-fundos-europeus/

Sem comentários: