terça-feira, outubro 31, 2023

Halloween em Portugal e “olariloré” em Nova Orleães - Por Pedro Nuno
Ano após ano, o Halloween tem vindo a ganhar uma projecção em Portugal galopante. As montras das lojas multiplicam-se em enfeites que procuram assinalar uma efeméride com ampla tradição… nos Estados Unidos da América.

De há uns dez ou quinze anos a esta parte, a “noite das bruxas” tem se vindo a afirmar como uma espécie de Carnaval de Outono e, visitando um qualquer espaço comercial gerido por cidadãos chineses, cedo percebemos que a oferta é cada vez mais ampla e variada. Bruxas, enfermeiras sanguinárias, lobisomens, diabos, diabas e diabretes, fadas do mal, Annabelles, Samaras e Chuckys, freiras e padres em harmonia com Satanás, etc.

Depois, há velas em vários formatos, incensos que cheiram a cemitério e abóboras cujo recheio servirá para os bilharacos comidos daqui a uns dois meses. É notória a envolvência por parte da malta mais nova (e menos nova) no que à noite das bruxas diz respeito.

A ressurreição de Cristo e o 25 de Abril, por exemplo, há muito que foram superados pelo Halloween, e isso nota-se quando a canalha grita “doçura ou travessura”, fazendo-me questionar, dado o desespero irritante dos catraios, se estarão mesmo a pedir guloseimas ou o rendimento de inserção social.

Falo em garotos, cuja idade não ultrapassa os dez ou doze anos de idade. Mas não interessa! Em abril, não os vejo a berrarem “fascismo nunca mais!” ou a darem vivas a Salgueiro Maia ou a debaterem o papel de Otelo na liberdade abrilina. É uma vergonha!

Não obstante, e até porque sou adepto deste género de permutas, anseio pelo “Festival da Chanfana” do Luisiana, pela “Mostra Gastronómica de Queijos Amanteigados” de São Francisco ou pelas tradicionais “Festas em Honra a São Gonçalinho” nas salinas próximas do Mississippi.

Enquanto isso, num “pub” de Nova Orleães, ouve-se “Olarilolé, olarilolé”. É tudo uma questão de equilíbrio e equidade. E sensatez, acho eu.

Pedro Nuno Marques
https://www.ovarnews.pt/halloween-em-portugal-e-olarilore-em-nova-orleaes-por-pedro-nuno/

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