segunda-feira, outubro 23, 2006

VAREIRO

Vareiro! Tu, que tens orgulho da tua terra,
és tesouro bairrista, que sua alma encerra;
em ti, corre sangue de homem corajoso,
e no coração, sentimento de ser bondoso.
Vareiro, que nasceste junto ao mar, dele és,
enamorado o mar, te bem beijar a teus pés;
Nos teus verdes campos, quanto trabalhas...
quão suor desliza nas tuas lavras;
Do teu corpo, exalas a maresia do mar,
aroma da tua terra, como ela sabe dar;
Tens a coragem para ao teu mar o enfrentar;
a audácia, para à fúria dessas águas lutar;
Na grave voz, tens o som do mar encapelado
que em horas de luta, vences o malvado;
Em teus braços, a força do teu labor,
que dia a dia vais vencendo, ó trabalhador!
Vareiro de alma sublime, também a conténs,
do teu coração, tanto dás àqueles o que tens.
Vareiro da minha terra, vareiro de Ovar:
És sincero ao amigo que te quer;
és delicado á criança que te abraça
e amoroso à sempre amada mulher!
Teus sentimentos se exaltam a cada momento:
A constante alegria que de ti brota;
as paixões que inflamam com sentimento,
e a amarga dor que por vezes se alastra.
Tu, que também és artista e poeta,
e quão religioso que ao Cristo se genuflecte!
Tu, que amas a tua terra,
queres-lhe a essência que encerra,
desde os verdes campos até ao mar
e a toda a gente desta tua Ovar!.

Valdemar Muge - 1988
in «Pétalas de Poesia», onde há mais para conhecer sobre a vida e a obra poética deste vareiro.

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