quinta-feira, outubro 19, 2006

Urgências
Internistas criticam nova rede
por não definir actividade máxima


A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) escreveu uma carta ao ministro da Saúde a criticar a nova rede das urgências, por esta não definir a "actividade máxima aceitável para cada nível de serviço de urgência".
Na carta, cujo teor foi hoje divulgado, as críticas dos internistas estendem-se ainda à "inexistência de um estudo de adequação a esta nova realidade dos recursos humanos existentes" e à opção por "capitações definidas para realidades de outros países, completamente distintas da portuguesa".
A "falta de definição da qualificação técnica do pessoal e a sua quantificação para os diversos níveis de serviço de urgência previstos" é igualmente critica pela SPMI na missiva dirigida a António Correia de Campos.
A SPMI teme que, "ao não estarem definidos, em toda a proposta, os máximos e os mínimos previstos de afluência de doentes e respectivas dotações em termos de pessoal", se pode incorrer num retrocesso, em que, por exemplo, as unidades que asseguram as urgências da zona de Lisboa, podem voltar a transformar-se em «hospitais de campanha», com uma afluência acima da capacidade de resposta, por força do encerramento de alguns dos pontos de atendimento actuais".
Para a SPMI, a proposta elaborada pela Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências apresenta "lacunas das quais podem resultar erros graves".
Na carta dirigida ao ministro da Saúde, a sociedade lembra que, "nas últimas décadas, a medicina interna tem sido a placa giratória que assegura os serviços de urgência" e que os internistas têm "uma responsabilidade particular e uma sensibilidade única para a discussão desta reestruturação".
A SPMI alerta que os internistas, como "principais executores da reforma das urgências, vão ser também os principais sacrificados, se deste processo não sair um melhor sistema.
A nova rede de urgências, proposta por uma comissão técnica, deverá deixar cerca de 1,2 milhões de portugueses mais perto de um serviço de urgências.
A nova rede contará com três tipos de serviços de urgência - Serviço de Urgência Básica (SUB), Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica (SUMC) e Serviço de Urgência Polivalente (SUP) -, num total de 83 serviços.
De acordo com o Executivo, verifica-se um aumento do número de pontos da Rede de Urgência em relação aos actuais 73, objectivo conseguido porque, apesar do encerramento previsto de 14 urgências hospitalares, são integrados na Rede os serviços de atendimento urgente reconvertidos de 24 centros de saúde.
A reorganização proposta por 11 especialistas deverá começar a ser executada no início do próximo ano e propõe o encerramento de cinco serviços de urgência na Região Norte (dos hospitais de Peso da Régua, Macedo de Cavaleiros, Vila do Conde, Fafe e Santo Tirso), sete na Região Centro (nos hospitais de S. João da Madeira, Espinho, Estarreja, Ovar, Anadia, Fundão e Cantanhede) e dois na região da Grande Lisboa (Curry Cabral e Montijo).

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