quinta-feira, agosto 04, 2005

Até 31 de Agosto no novo Posto de Turismo do Furadouro
«MUDAR DE VIDA» em exposição fotográfica

No Inverno de 1964-65, o mar em fúria atacou a praia do Furadouro, levando consigo as areias, o palheiro do Palavra e parte do chalet do Matos. Um antigo poço de quintal parecia agora uma chaminé de fábrica, erguendo-se mais de dez metros acima do areal batido pelas vagas. Neste cenário de devastação mourejavam os pescadores, lutando arduamente pelo pão de cada dia e desertando aos poucos.
Mar ruim, miséria e fome eram já velhos conhecidos dos «lobos do mar» e respectivas famílias que, sempre que podiam, demandavam outras paragens. Porém, surgiam agora outros apelos. As traineiras de Matosinhos, as fábricas da Vila, a emigração para o estrangeiro eram alternativas possíveis. Soava o dobre a finados pelas antigas companhas, desaparecia um mundo...
Quis o destino que, nesse lance, arribasse à nossa praia Paulo Rocha, um dos poucos cineastas portugueses da época, perseguindo o sonho de fazer um filme, mesclando as suas recordações de infância e toda a sua bagagem cultural, ganha nos caminhos do mundo, do Porto a Paris com passagem pela capital do País, que, anos antes, tinha servido de cenário ao seu primeiro filme «Verdes Anos». O resultado foi uma película que, independentemente da sua carreira, fixou para a posteridade os rostos de Geraldo d'El Rey e Isabel Ruth, Maria Barroso e do povo da praia, a faina da pesca e os avanços do mar, os cenários majestosos da praia e da Ria, a fotografia de Elso Roque e a música de Carlos Paredes.
Todos os aspectos da rodagem do filme «Mudar de Vida» ficaram registados, com eficiência e arte, pelo fotógrafo vareiro Rui Almeida. Assim, a exposição fotográfica que agora, uma vez mais, se apresenta, para além de ser um precioso documento para a história do cinema português, é um importante testemunho da terra e das gentes do Furadouro, feito no preciso momento em que tudo estava a mudar e a partir do qual nada seria como antes.
As imagens falam por si, testemunhos únicos dum Portugal que morreu. Imagens que nos podem fazer reflectir sobre um mundo separado de nós por apenas quarenta anos.(cm-ovar.com)

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