António Costa em Maceda-Ovar:
«Estado terá aeronaves para combater fogos em 2006»
O ministro da Administração Interna revelou hoje, na sua visita à base de Maceda, que no próximo ano o Estado já deverá ter uma frota própria de aeronaves para combater os fogos florestais. Para isso, explicou António Costa, o próximo Orçamento de Estado vai já incluir verbas para adquirir esses meios aéreos.
Durante uma visita à Base Aérea de Manobras n.º1 de Maceda, onde se encontram pilotos de vários países que têm apoiado no combate às chamas, António Costa prometeu que o "Estado vai investir" na aquisição de meios aéreos, tendo sido pedido um relatório a uma comissão técnica.
Esta comissão, composta por elementos representantes de vários organismos, já contactou "dezenas de pessoas" e deverá apresentar o relatório até à primeira semana de Setembro. Depois, será inscrita uma verba para esse efeito no Orçamento de Estado e o país vai dispor de uma "frota própria" seja "por aquisição ou por aluguer de longa duração", explicou o ministro.
Em paralelo, está previsto o "reaproveitamento para a protecção civil" dos dez helicópteros Puma que irão deixar de ser utilizados pelos militares a partir do próximo ano. Esses helicópteros "vão ser desactivados" e depois ser readaptados para constituírem uma "base importante" da futura frota portuguesa de combate a incêndios.
Para pilotar os helicópteros, actualmente sedeados nas bases do Montijo e das Lages, existe um acordo com a Força Aérea do sentido de dispensar militares treinados no uso destes equipamentos.
Segundo Ascenso Simões, secretário de Estado da Administração Interna, Portugal passará a contar com um "contingente permanente", adquirido em parte, e depois está previsto realizar alugueres "anuais e temporários" de acordo com as necessidades detectadas.
Durante a visita anterior, à base aérea de Monte Real, António Costa falou com os pilotos franceses e italianos, agradecendo a "preciosa ajuda" concedida a Portugal no combate aos fogos, numa "boa demonstração que a Europa da Protecção Civil funciona". Para António Costa, a presença de meios aéreos estrangeiros em Portugal está também dependente da situação dos países de origem. Nesse sentido, o ministro já contactou o Governo alemão, disponibilizando-se para fazer regressar os seus helicópteros devido às "cheias graves" verificadas naquele país.
António Costa rejeitou também que o pedido de ajuda multilateral tenha sido feito tarde, considerando que essa decisão só foi tomada no fim-de-semana quando existiam "mais de 50 incêndios não circunscritos".
"Devemos ser muito selectivos nesse pedido", afirmou o ministro, defendendo que a decisão foi tomada numa situação de última necessidade, como deve suceder nas relações institucionais entre países. Por seu turno, o embaixador francês, Patrick Gautrat, afirmou à Agência Lusa que a resposta dos países europeus ao pedido de ajuda de Portugal foi "natural" devido ao "drama trágico" que o país enfrentou.
"Acho que a Europa prática é a melhor. Todos criticamos Bruxelas e a sua burocracia mas, nesta situação, a resposta dos Governos foi exemplar", afirmou o embaixador.
Já Jean-Louis Girardet, um dos pilotos franceses, lamentou os danos causados pelos incêndios na população, recordando "imagens trágicas" da população na defesa das suas casas. "Vi muita tristeza nas pessoas", mas, "descobri, entre o fumo, um país onde quero voltar", afirmou o piloto, que deverá regressar a França na próxima sexta-feira.
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