terça-feira, outubro 02, 2012

“Luto” que não passou despercebido no seu simbolismo


Despedir-se vestido de preto da comunidade escolar a que dedicou uma vida profissional muito ativa e empenhada, não deixou de ser marcante o seu simbolismo, no momento de partida para a aposentação como que a livrar-se de um pesadelo que nos últimos tempos, as sucessivas politicas governativas, transformaram os profissionais da educação em inimigos públicos, que começaram por ser vergonhosamente humilhados e descaracterizados no seu estatuto, transformados cada vez mais em trabalhadores descartáveis e precários de baixos salários, como futuro que os governantes querem fazer caminho para os jovens profissionais da educação que vão tendo algumas horas de trabalho nas escolas em que a democracia vai ficando à porta, agravado e intensificado com todas as medidas economicistas que procuram justificar o injustificável nas escolas e nos agrupamentos.

Apesar de todo o entusiasmo que espelhou a prática de muitos profissionais que se entregaram de corpo e alma ao ensino, o desalento, o desgaste, a indignação, a ansiedade de escapar ao ambiente desolador que se vai instalando nas comunidades escolares, traduz-se cada vez mais na tristeza que se reflete no rosto de quem parte para a aposentação.

Não por saudades, infelizmente, mas pela amargura da forma indigna como chegam a ser tratados muitos destes profissionais que não se querem sujeitar a políticas que lhes vão limitando perigosamente a liberdade de serem verdadeiros professores e pedagogos, e os querem transformar em executantes formatados de orientações curriculares e burocráticas que esvaziam os próprios órgãos de gestão em meio escolar e o seu papel fundamental perante os alunos e a sociedade.

Este é um sentimento muito pessoal e muitíssimo (demasiado) resumido naturalmente, do estado de alma, de várias almas, que tenho tido a possibilidade de partilhar e observar de forma crítica, como sempre. Por isso aqui deixo de forma muito superficial e pouco estruturado, ao contrário do que merecia o tema, este meu desabafo sobre o Professor José Manuel, que tive o grato privilégio de conhecer mais profundamente na EB 2,3 António Dias Simões a vários níveis e experiências no exercício de cidadania, nomeadamente em variadíssimos projetos, iniciativas e múltiplas atividades que procurei através da imprensa local passar para fora das quatros paredes da escola.

Um profissional que no âmbito de uma equipa de professores do ensino recorrente, também convivi como aluno do 2º ciclo.

Da minha parte… Um Grande Abraço
José Lopes (Assistente Operacional)

Nota de Redacção: O José Lopes não se importará que nos associemos neste abraço ao pedagogo que também foi meu professor de História na minha passagem pela EB 2,3 António Dias Simões.

Nunca tive oportunidade de lhe dizer pessoalmente, mas foi seguramente dos melhores «profes» que tive na minha vida!


1 comentário:

josé lopes disse...

Lamento a pobreza do texto, mas foi escrito com raiva, com amor, com respeito e admiração por profissionais da educação com quem tenho o grato privilégio de partilhar o meu dia a dia na escola...