quinta-feira, setembro 29, 2022
A direcção da Associação dos Antigos Alunos da Escola Oliveira Lopes (AAAEOL) inicia, esta sexta-feira, as cerimónias evocativas da memória dos Irmãos Oliveira Lopes, numa altura em que passam 112 anos da inauguração da Escola com o nome dos beneméritos oriundos de uma família local de lavradores que na segunda metade do século XIX emigraram para o Brasil, onde fizeram fortuna como comerciantes de cereais.
Destaca-se, entretanto, o papel de José Oliveira Lopes como Vereador na Comissão Municipal Administrativa, na Presidência do Dr. Pedro Chaves, que tomou posse em 10 de Outubro de 1910, tendo desempenhado influência e acções na promoção do desenvolvimento urbano e infra-estrutural do concelho, com especial destaque em Válega, com a construção da Rua de Paçô e, em Ovar, com a criação da Companhia Portuguesa de Iluminação e Tracção de Ovar.
A inauguração da Escola Primária Oliveira Lopes deu-se no dia 2 de Outubro de 1910, três dias antes de ser proclamada a República em Portugal. O edifício, imponente, foi mobilado e decorado com materiais didáticos vindos de França, como a loja Deyrolle, que ainda é hoje uma das grandes referências na criação e disponibilização de materiais didáticos inovadores, com mais de uma centena de anos de produção.
Com uma traça imponente, espaços técnicos que à época eram "de qualidade superior à média" e recursos materiais que já então incluíam "mobiliário de mogno e ergonómico", o imóvel integrava três alas distintas, ainda hoje perfeitamente identificáveis: uma para o ensino de rapazes, outra para educação feminina e uma terceira para residência dos professores que leccionavam no estabelecimento.
Refira-se ainda que, em 1960, os irmãos Oliveira Lopes mandaram forrar o tecto da Igreja Matriz de Válega com madeiras exóticas e revestir o interior e a fachada de azulejos policromados, pintados à mão na fábrica Aleluia, em Aveiro.
A associação fará uma romagem ao jazigo dos irmãos beneméritos seguida de uma visita ao Museu Escolar Oliveira Lopes sujeito pela Câmara Municipal de Ovar, em 2019, a uma reabilitação orçada num milhão de euros.
O projeto de musealização do espaço começou, por sua vez, a preparar-se no final na década de 1990, graças ao que Salvador Malheiro descreveu como "a iniciativa de docentes e antigos alunos da escola".
Inicialmente, o Museu Escolar Oliveira Lopes funcionava em paralelo à atividade lectiva normal do edifício, mas em 2014 os alunos que aí tinham aulas foram transferidos para o novo Centro Escolar da Regedoura e o edifício original viu-se com mais espaço disponível. Em meados de 2016 seria encerrado para acolher obras de reestruturação total, no que os espaços libertados pela deslocação de turmas ficaram afetos a depósito de reservas, gabinetes técnicos, um auditório, uma cafetaria, duas galerias de exposições e um polo da Biblioteca de Ovar.
A colecção agora patente ao público inclui peças antigas como mapas e planisférios, globos terrestes da marca Forest, cartografia em relevo, amostras para o estudo das Ciências Naturais, quadros sobre a história de Portugal, caixas métricas Albino de Mattos, ábacos, máquinas de escrever, outro material de escrita e desenho, e até utensílios de cantina.
Hoje, o Museu Escolar Oliveira Lopes é único do género em Portugal e integra a Rede de Investigadores em História e Museologia de Infância e Educação.
A homenagem conclui-se no domingo, 2 de outubro, dia do 112.º aniversário da inauguração da escola, com a celebração de uma missa de homenagem aos Irmãos José e Manuel José de Oliveira Lopes.
https://www.ovarnews.pt/?p=65958
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