quinta-feira, julho 07, 2022
O 26º AVANCA Festival Internacional de Cinema, cuja competição decorre entre 27 e 31 do corrente mês de julho, comemora um quarto de século sob o signo dos deslocados.
O Festival anuncia que os “deslocados são refugiados, migrantes, retornados, foragidos e até degredados, proscritos, apátridas. Deslocados pela força da ficção, sempre”.
Atentos aos grandes movimentos de deslocação de pessoas em tempo de conflitos desmesuradamente armados, da Síria, da Ucrânia, da África, para só referir os mais visíveis, o Festival de Cinema AVANCA será este ano um espaço da sua visibilidade.
No cinema, os filmes ampliam o conhecimento dos conflitos e a barbárie que sempre fazem gerar. No AVANCA, para além de filmes, os deslocados serão o tema de trabalho nas Oficinas de Criação Fílmica que em cada ano marca este evento.
Estando previsto a exibição de cerca de 130 filmes, entre longas e curtas metragens vindas de países dos 5 continentes, um terá especial atenção dada a sua singularidade.
Ao longo de 16 anos, entre 2005 e 2020, o cineasta chinês Zhandong MA, com produção de Hong Kong, filmou na segunda zona especial do Estado Wa de Myanmar.
Durante a reforma agrária e a Revolução Cultural na China, muitas pessoas fugiram para ali, tornando este no maior ponto de encontro da nacionalidade Han na região.
Em “Nowhere People” (Pessoas de lugar nenhum) o cineasta centra-se nas mudanças de vida de Li Simei e Vovó Chen após a proibição do cultivo das drogas. Tempos em que os seus filhos não puderam voltar à China e as suas identidades não foram reconhecidas. Um lugar que passou a ser um sistema geopolítico marginalizado, um “enclave” sem identidade.
Este longo e polémico filme de um cineasta que continua a trabalhar e morar em Chengdu (China), aborda a política, a história, as drogas e a forma como os indivíduos do "Triângulo Dourado" tragicamente se defendem. As vidas de Li e Chen, que deixaram as suas cidades natais, desaparecem com o curso da história na terra montanhosa que já foi cheia de papoulas no norte de Myanmar. Deslocados que sobrevivem onde o conceito de "nação" é apenas uma ilusão.
Zhandong MA afirma que, “Quando as drogas se tornam um mal geracional, a tragédia individual torna-se um outro "desaparecido" num contexto histórico e geopolítico complexo. Qual é o futuro de um enclave simbólico sem "nome" ou "identidade"? Uma história de sobrevivência desesperada espelha a história de uma nação. Toda a história se torna a "glória" do presente, mas os indivíduos que a carregam, trazem com eles sempre o sofrimento”.
Serão 4 horas e 15 minutos que, em estreia mundial, o Festival de AVANCA irá exibir no Cinema Vida em Ovar, um dos locais onde decorre o festival, na terça-feira dia 26 a partir das 16 horas.
https://www.ovarnews.pt/?p=63840
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