Na senda da triste constatação do apagamento do potencial de Ovar, pude aprofundar a dita tristeza no último domingo nas ruas vazias da cidade a somar à imparável desertificação do núcleo central da cidade.
Sinto-nos uma população amorfa e com pouco afecto pelas instituições que sempre nos distinguiram no contexto regional e no todo nacional.
Contudo, dito isto, entendo que que nas alturas em que o povo está amorfo cumpre aos líderes fazerem jus ao epiteto. O problema é que, chegados aqui, esbarramos contra outro óbice que é importante sublinhar: a decapitação pelos partidos das individualidades que davam alguma voz a Ovar.
Reduzimo-nos a uma só voz que, com mais olhos do que barriga ficou com quase nada e com nenhum acrescento de registo nos vai deixar dentro de pouco mais de três anos.
Desemboca este longo e intencional relambório no seguinte: há que reacender a chama vareira, desde logo, a partir da autarquia. Visto sob qualquer ângulo, o recente tropeção no cancelamento do Carnaval e consequente lição de Santana Lopes dizem tudo para quem quiser ver. Mais uma vez ultrapassados, e desta vez com laivos de gozo nacional.
Ovar precisa de uma revisão urgente de estratégia (aceitando que existe uma) e da táctica (tendo claro que não há uma).
À nossa volta, a magia renasce, em Santa Maria da Feira (já é de outro campeonato), em Estarreja (é incrível como o cineteatro está sempre SEMPRE à nossa frente, por exemplo). Parece que vamos numa pista a conversar sozinhos e temos aquela sensação de ultrapassagem dos concelhos que ainda há pouco tempo estavam lá longe atrás de nós. Estarreja é dos que já está a dar o pisca.
Todas as grandes causas que nos moveram ficaram pelo caminho. A reivindicação do combate à erosão costeira é só o exemplo flagrante de que vão passar doze anos e nada se resolveu.
O que sobrou de um autarca que caminhava entre nós como um de nós, na partilha dos nossos anseios? Não queremos pensar que os próximos anos vão ser um penoso deixar andar. Foram eleitos seis vereadores numa maioria esmagadora. Mais cedo ou mais tarde, têm de prestar contas a quem os elegeu.
Se toquei na questão da proximidade do edil é porque, na actual era da comunicação instantânea, a forma de comunicar e a proximidade podem ser boas, mas o fim da paixão pelos gabinetes é fundamental.
Entendendo que o nosso caso não está definitivamente perdido, alerto para o risco de nos começarmos a comparar nem sequer com outras sedes de concelho da nossa região, quando antes nos comparavam com a sede do distrito.
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